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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo XII — Lei de Sociedade e Lei do trabalho

Roteiro 3


Necessidade do trabalho


Objetivo Geral: Possibilitar entendimento das leis de sociedade e do trabalho.

Objetivos Específicos: Justificar a necessidade do trabalho para o ser humano. — Explicar como solucionar o problema da miséria social.



CONTEÚDO BÁSICO


  • A necessidade do trabalho é lei da Natureza?

    O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 674.

  • O trabalho se impõe ao ser humano como uma necessidade porque é um […] meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco do corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 676.

  • O trabalho do homem […] visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo […]. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 677.

  • Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 685 — comentário.

  • Liberdade, igualdade, fraternidade. Estas três palavras constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação […]. Allan Kardec. Obras Póstumas. Primeira parte, item: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Pedir à turma que explique o significado dos seguintes versos do Espírito Casimiro Cunha, psicografados por Francisco Cândido Xavier, encontrados no livro Cartas do Evangelho: Não olvides que o trabalho | É fonte de paz e luz. | Jamais esqueças, meu filho, | Que teu modelo é Jesus.


Desenvolvimento:

  • Dividir a turma em três grupos, orientando-os na realização das seguintes atividades:

    a) Grupo 1. leitura dos subsídiospágina inicial e a que lhe segue, finalizando na referência 5; troca de ideias sobre o assunto, e resumo escrito do texto estudado.

    b) Grupo 2. leitura dos subsídios a partir do segundo parágrafo da pág. 80, até o último § da pág. 81, finalizando na referência 6; troca de ideias sobre o assunto, e resumo escrito do texto estudado.

    c) Grupo 3. leitura dos subsídiosúltima página dos subsídios; troca de ideias sobre o assunto, e resumo escrito do texto estudado.

  • Observação: Cada grupo deve indicar um participante para resumir as conclusões, e um relator para apresentá-las em plenário.

  • Ouvir os relatos dos grupos, destacando os pontos mais importantes.


Conclusão:

  • Fazer a integração do estudo, destacando a importância do trabalho (veja O Livro dos Espíritos, questões 676, 677 e 685).


Atividade extraclasse para a próxima reunião de estudo: solicitar aos participantes leitura e resumo escrito do texto O valor do trabalho, de autoria do Espírito Humberto de Campos, em anexo. Enfatizar que o resumo deve conter as principais ideias desenvolvidas pelo autor.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se os relatos das conclusões do trabalho em grupo indicarem que houve entendimento do assunto.


Técnica(s):

  • Interpretação de poesia; trabalho em pequenos grupos.


Recurso(s):

  • Versos; subsídios deste roteiro; O Livro dos Espíritos.



 

SUBSÍDIOS


O trabalho […] é lei da Natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida, por meio das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive. Desde as imperiosas necessidades de comer e beber, defender se dos excessos climatéricos até os processos de garantia e preservação da espécie, pela reprodução, o homem vê-se coagido à obediência à lei do trabalho. (9) Sendo assim, o trabalho se impõe ao ser humano como uma necessidade porque é um […] meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco de corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho. (2)

O trabalho, entendido como lei da Natureza, […] é das maiores bênçãos de Deus no campo das horas. Em suas dádivas de realização para o bem, o triste se reconforta, o ignorante aprende, o doente se refaz, o criminoso se regenera. (12) É […] o guia na descoberta de nossas possibilidades divinas, no processo evolutivo do aperfeiçoamento universal. Nele […] a alma edifica a própria casa, cria valores para a ascensão sublime. (11)

Os Espíritos Orientadores nos esclarecem que o trabalho do homem […] visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo. (3) O trabalho, em tese, para o ser em processo de evolução, configura-se sob três aspectos principais: material, espiritual, moral. Através do trabalho material, propriamente dito, dignifica-se o homem no cumprimento dos deveres para consigo mesmo, para com a família que Deus lhe confiou, para com a sociedade de que participa. Pelo trabalho espiritual, exerce a fraternidade com o próximo e aperfeiçoa-se no conhecimento transcendente da alma imortal. No campo da atividade moral, lutará, simultaneamente, por adquirir qualidades elevadas, ou, se for o caso, por sublimar aquelas com que já se sente aquinhoado. (10)

Devemos considerar, porém, que não […] basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. (4) Refletindo a respeito desse assunto, entendemos que os conflitos sociais representam uma das principais causas de sofrimento do mundo contemporâneo. Na verdade, é […] bem sabido que a maior parte das misérias da vida tem origem no egoísmo dos homens. Desde que cada um pensa em si antes de pensar nos outros e cogita antes de tudo de satisfazer aos seus desejos, cada um naturalmente cuida de proporcionar a si mesmo essa satisfação, a todo custo, e sacrifica sem escrúpulo os interesses alheios, assim nas mais insignificantes coisas, como nas maiores, tanto de ordem moral, quanto de ordem material. Daí todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, visto que cada um só trata de despojar o seu próximo. (5)

Os conflitos sociais não resolvidos, ou incorretamente administrados, podem gerar uma situação de pobreza generalizada, e todas as suas consequências calamitosas. Os espíritas, sabemos que as desigualdades sociais existentes no Planeta estão vinculadas a dois pontos fundamentais: a manifestação da lei de causa e efeito e a visão materialista da vida.

No primeiro caso, a pobreza e riqueza devem ser entendidas como instrumento de melhoria espiritual, pois a […] pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para outros, a prova da caridade e da abnegação. (1) A visão materialista da vida, alimentada pelo orgulho e egoísmo, estimula a permissibilidade moral, causa do relaxamento dos usos e costumes sociais. As pessoas tornam-se indolentes e omissas, nada fazendo para impedir ou minimizar o estado de sofrimento material e moral reinante ao seu derredor. As desigualdades humanas trazem implicações de ordem econômico-social, em geral decorrentes da má distribuição de rendas, permitindo-se que uma minoria humana viva em abundância, e uma maioria sofra os rigores da pobreza e da miséria. Uma sociedade estabelecida sob essas bases está marcada pelos contrastes sociais, estimuladores do desemprego, da violência e da miséria.

A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantaras consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis.

A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos. (4)

Não podem os homens ser felizes, se não viverem em paz, isto é, se não os animar um sentimento de benevolência, de indulgência e de condescendência recíprocas; numa palavra: enquanto procurarem esmagar se uns aos outros. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e todos os deveres sociais; uma e outra, porém, pressupõem a abnegação. Ora, a abnegação é incompatível com o egoísmo e o orgulho; logo, com esses vícios, não é possível a verdadeira fraternidade, nem, por conseguinte, igualdade, nem liberdade, dado que o egoísta e o orgulhoso querem tudo para si.

Eles serão sempre os vermes roedores de todas as instituições progressistas; enquanto dominarem, ruirão aos seus golpes os mais generosos sistemas sociais, os mais sabiamente combinados. É belo, sem dúvida, proclamar se o reinado da fraternidade, mas, para que fazê-lo, se uma causa destrutiva existe? É edificar em terreno movediço; o mesmo fora decretara saúde numa região malsã. Em tal região, para que os homens passem bem, não bastará se mandem médicos, pois que estes morrerão como os outros; insta destruir as causas da insalubridade. Para que os homens vivam na Terra como irmãos, não basta se lhes deem lições de moral; importa destruir as causas de antagonismo, atacar a raiz do mal: o orgulho e o egoísmo. (6)

O Espiritismo nos apresenta uma solução para o problema da miséria social, expressa nas seguintes palavras de Allan Kardec: Liberdade, igualdade, fraternidade. Estas três palavras constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação […]. A fraternidade, na rigorosa acepção do termo, resume os deveres dos homens, uns para com os outros. Significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. É, por excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: Proceder para com os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco. O oposto do egoísmo […]. Considerada do ponto de vista da sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está na primeira linha: é a base. Sem ela, não poderiam existir a igualdade, nem a liberdade séria. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é consequência das duas outras. Com efeito, suponhamos uma sociedade de homens bastante desinteressados, bastante bons e benévolos para viverem fraternalmente […]. Num povo de irmãos, a igualdade será consequência de seus sentimentos, da maneira de procederem, e se estabelecerá pela força mesma das coisas. Qual, porém, o inimigo da igualdade? O orgulho, que faz queira o homem terem toda parte a primazia e o domínio […]. A liberdade […] é filha da fraternidade e da igualdade […]. Os homens que vivam como irmãos, com direitos iguais, animados do sentimento de benevolência recíproca, praticarão entre si a justiça, não procurarão causar danos uns aos outros e nada, por conseguinte, terão que temer uns dos outros. A liberdade nenhum perigo oferecerá, porque ninguém pensará abusar dela em prejuízo de seus semelhantes. […]. (7)

Esses […] três princípios são […] solidários entre si e se prestam mútuo apoio; sem a reunião deles o edifício social não estaria completo. O da fraternidade não pode ser praticado em toda a pureza, com exclusão dos dois outros, porquanto, sem a igualdade e a liberdade, não há verdadeira fraternidade. A liberdade sem a fraternidade é rédea solta a todas as más paixões, que desde então ficam sem freio; com a fraternidade, o homem nenhum mau uso faz da sua liberdade: é a ordem; sem a fraternidade, usa da liberdade para dar curso a todas as suas torpezas: é a anarquia, a licença. Por isso é que as nações mais livres se veem obrigadas a criar restrições à liberdade. A igualdade, sem a fraternidade, conduz aos mesmos resultados, visto que a igualdade reclama a liberdade; sob o pretexto de igualdade, o pequeno rebaixa o grande, para lhe tomar o lugar, e se torna tirano por sua vez; tudo se reduz a um deslocamento de despotismo. (8)



 

ANEXO 1


O VALOR DO TRABALHO

(Humberto de Campos)



 

ANEXO 2


Honra ao Trabalho

(Múcio Teixeira)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 16, item 8, p. 293.

2. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 676, p. 368-369.

3. Id. - Questão 677, p. 369.

4. Id. - Questão 685, p. 371.

5. Idem - Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 38. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira Parte, item: O egoísmo e o orgulho, p. 248.

6. Idem, ibidem - p. 250-251.

7. Id. - Item: Liberdade, igualdade, fraternidade, p. 260-262.

8. Idem, ibidem - p. 263.

9. FRANCO, Divaldo Pereira. Estudos Espíritas. Pelo Espírito Joana de Ângelis. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Capítulo 11 (Trabalho), p. 91.

10. PERALVA, Martins. Estudando o Evangelho. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. Capítulo 3 (Renovação), p. 32-33.

11. XAVIER, Francisco Cândido. Reportagens de Além-Túmulo. Pelo Espírito Humberto de Campos. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974. Capítulo 20 (O valor do trabalho), p. 144.

12. Idem - Voltei. Pelo Espírito Jacob. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Capítulo 20 (Retorno à tarefa), p. 189.


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