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EADE — Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita — Religião à luz do Espiritismo

TOMO II — ENSINOS E PARÁBOLAS DE JESUS — PARTE II
Módulo IV — Aprendendo com as curas

Roteiro 3


Obsessões espirituais


Objetivos: Refletir a respeito do caráter epidêmico das obsessões. — Citar diferentes tipos de obsessão que Jesus curou.



IDEIAS PRINCIPAIS

  • Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter. Allan Kardec: A gênese, Capítulo 14, item 45.

  • Há no Evangelho diferentes relatos de cura de obsessões realizados por Jesus. Por exemplo: a do homem mudo e subjugado (Mt 9.32-34); a do lunático (Mt 17.14-20); a do subjugado, cego e mudo (Mt 12.22-28); a do homem dominado por uma legião de Espíritos (Mc 5.1-15).



 

SUBSÍDIOS


1. Texto evangélico

  • E estava na sinagoga deles um homem com um Espírito imundo, o qual exclamou, dizendo: Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. E repreendeu-o Jesus, dizendo: cala-te e sai dele. Então, o Espírito imundo, agitando-o e clamando com grande voz, saiu dele. Marcos, 1.23-26.

    E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. […] Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via. Mateus, 9.32-33; 12.22.

    E eis que um homem da multidão clamou, dizendo, Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que eu tenho. Eis que um Espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça até espumar, e só o larga depois de o ter quebrantado. E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho. E, quando vinha chegando, o demônio o derribou e convulsionou; porém Jesus repreendeu o Espírito imundo, e curou o menino, e o entregou a seu pai. Lucas, 9.38-42.

    E chegaram à outra margem do mar, à província dos gadarenos. E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com Espírito imundo, o qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender. Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões, em migalhas, e ninguém o podia amansar. E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes e pelos sepulcros e ferindo-se com pedras. E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o. E, clamando com grande voz, disse. Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes. (Porque lhe dizia: sai deste homem, Espírito imundo.) E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora daquela província. E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles Espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil) e afogou-se no mar. E os que apascentavam os porcos fugiram e o anunciaram na cidade e nos campos; e saíram muitos a ver o que era aquilo que tinha acontecido. E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juízo, e temeram. Marcos, 5.1-15.

A obsessão é um mal epidêmico que afeta a Humanidade desde os tempos imemoriais. Decorre da imperfeição moral do ser humano, da mesma forma que as doenças resultam de imperfeições físicas. (2) Allan Kardec classifica a obsessão em três níveis, conforme a gravidade ou intensidade do problema: Obsessão simples, fascinação e subjugação. (6)


Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. (1)


A obsessão simples é de ocorrência comum e raras são as pessoas que, em algum momento da existência, não lhe tenham sofrido a ação. O obsessor se imiscui na vida da pessoa, alimenta-lhe ideias fixas que, se mantidas, afetam-lhe o equilíbrio emocional e psíquico. Surgem como efeito de inquietações, desconfianças, inseguranças, enfermidades que conduzem a pessoa ao leito. (11)


A obsessão simples é parasitose comum em quase todas as criaturas, em se considerando o natural intercurso psíquico vigente em todas as partes do Universo. Tendo- se em vista a infinita variedade das posições vibratórias em que se demoram os homens, estes sofrem, quanto influem em tais faixas, sintonizando, por processo normal, com os outros comensais aí situados. (10)


A fascinação tem consequências mais graves que a obsessão simples. “É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium [obsidiado] e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio.” (7) Em geral, o fascinado não acredita que esteja sendo enganado: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. (7)

A fascinação ocorre por meio de persistente indução telepática, produzida pelo obsessor sobre a mente do obsidiado. Esta ação repercute no corpo físico que, paulatinamente, se revela debilitado e enfermo, em razão do vampirismo associado ao processo. À medida que o campo mental da vítima cede à influência obsessiva, assimila não apenas a indução telepática, mas também as atitudes e formas de ser do seu hóspede.

A subjugação é uma obsessão muito grave, daí ter sido chamada de “possessão” no passado, uma vez que há domínio mais severo do obsessor sobre o obsidiado. A subjugação “é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo.” (8)


No painel das obsessões, à medida que se agrava o quadro da interferência, a vontade do hospedeiro perde os contatos de comando pessoal, na razão direta em que o invasor assume a governança. A […] subjugação pode ser física, psíquica e simultaneamente físio-psíquica. A primeira, não implica na perda da lucidez intelectual, porquanto a ação dá-se diretamente sobre os centros motores, obrigando o indivíduo, não obstante se negue à obediência, a ceder à violência que o oprime. […] No segundo caso, o paciente vai [sendo] dominado mentalmente, tombando em estado de passividade, não raro sob tortura emocional, chegando a perder por completo a lucidez […]. Por fim, assenhoreia-se, simultaneamente, dos centros do comando motor e domina fisicamente a vítima, que lhe fica inerte, subjugada, cometendo atrocidades sem nome. (12)


Jesus curou muitos processos obsessivos, ilustrados neste Roteiro com exemplos, sendo duas de Mateus, duas de Marcos e uma de Lucas . Nos dias atuais, como à época de Jesus, a obsessão apresenta caráter epidêmico, em razão do elevado número de casos existentes. Nos textos evangélicos mencionados percebemos que a obsessão, entre outros fatores, pode ser provocada por um ou mais Espíritos e que traz danos à saúde, alguns sérios, altamente lesivos.

Importa considerar que o obsessor é usualmente denominado “demônio”, ou “Espírito imundo” nos textos bíblicos, em decorrência dos danos provocados.


2. Interpretação do texto evangélico

  • E estava na sinagoga deles um homem com um Espírito imundo, o qual exclamou, dizendo: Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. E repreendeu-o Jesus, dizendo: cala-te e sai dele. Então, o Espírito imundo, agitando-o e clamando com grande voz, saiu dele. (Mc 1.23-26).

Temos, aqui, um exemplo de obsessão simples, caracterizada pela provocação de um Espírito perturbado que indaga o Cristo de forma irônica e com falsa lisonja. Jesus, porém, conhecendo-lhe as intenções, repreende-o de forma direta e incisiva, afastando-o do obsidiado.

Precisamos guardar vigilância contra as ações obsessivas, entretanto, o cuidado deve ser redobrado quando são originárias de Espíritos hipócritas, enganadores, acostumados a estimular “[…] a desconfiança e a animosidade contra os que lhes são antipáticos. Especialmente os que lhes podem desmascarar as imposturas são objeto da maior animadversão [desaprovação, advertência, censura, reprimenda] da parte deles.” (9)


Refere-se o evangelista a entidades perversas que se assenhoreavam do corpo da criatura. Entretanto, essas inteligências infernais prosseguem dominando vastos organismos do mundo. Na edificação da política, erguida para manter os princípios da ordem divina, surgem sob os nomes de discórdia e tirania; no comércio, formado para estabelecer a fraternidade, aparecem com os apelidos de ambição e egoísmo; nas religiões e nas ciências, organizações sagradas do progresso universal, acodem pelas denominações de orgulho, vaidade, dogmatismo e intolerância sectária. Não somente o corpo da criatura humana padece a obsessão de Espíritos perversos. Os agrupamentos e instituições dos homens sofrem muito mais. E quando Jesus se aproxima, através do Evangelho, pessoas e organizações indagam com pressa: “Que temos com o Cristo? que temos a ver com a vida espiritual?” É preciso, permanecer vigilante à frente de tais sutilezas, porquanto o adversário vai penetrando também os círculos do Espiritismo evangélico, vestido nas túnicas brilhantes da falsa ciência. (14)

  • E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. […] Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via. (Mt 12.22).

Estes dois registros de Mateus põem em evidência um processo obsessivo que produz mudez e cegueira, isto é, lesando de forma mais intensa o organismo. Afastado “[…] o hóspede estranho pela bondade do Senhor, o enfermo foi imediatamente reconduzido à fala. Temos aí a obsessão complexa, atingindo alma e corpo.” (16) Ambas as obsessões podem ser categorizadas como fascinação.

Em geral, desconhecemos as motivações que fazem um Espírito atuar sobre um ou outro órgão do corpo físico do obsidiado..É possível que tal instrumento orgânico apresente alguma fragilidade na sua constituição, sendo mais acessível às influências, pois na “[…] obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade.” (4)


O homem, na estruturação fisiopsíquica, é uma grande bateria criando e acumulando cargas elétricas, com que influencia e é influenciado. Todo sentimento é energia estática. Todo pensamento é criação dinâmica. Toda ação é arremesso, com todos os seus efeitos. Cada individualidade, assim, conforme os sentimentos que nutre na estrutura espiritual e segundo os pensamentos que entretém na mente, atrai ou repele, constrói ou destrói, através das forças que emite nas obras, nas palavras, nas atitudes, com que se evidencia pela instrumentação mental que lhe é própria. (15)

  • E eis que um homem da multidão clamou, dizendo, Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que eu tenho. Eis que um Espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça até espumar, e só o larga depois de o ter quebrantado. E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho. E, quando vinha chegando, o demônio o derribou e convulsionou; porém Jesus repreendeu o Espírito imundo, e curou o menino, e o entregou a seu pai. (Lc 9.38-42).

Este texto evangélico evidencia um processo obsessivo mais grave, do tipo subjugação. O enfermo é portador de uma afecção mental, semelhante à epilepsia, em razão do domínio do Espírito, que o subjuga e o atormenta. Este caso, também narrado por Mateus e Marcos, é peculiar porque os discípulos de Jesus não conseguiram curar o enfermo, libertando-o do obsessor. Indagado a respeito, Jesus faz duas colocações de suma importância, relatadas por um ou outro evangelista: a) os discípulos não curaram o epilético, subjugado por um Espírito malévolo, “por causa da pouca fé” (Mt 17.20); b) neste tipo de obsessão, o Espírito perseguidor só é afastado “por oração e jejum”. (Mt 17.21 e Mc 9.29).

Os Espíritos endurecidos são perseguidores implacáveis, vingadores que não se compadecem de suas vítimas, daí não serem convencidos com facilidade. O trato com eles exige paciência e perseverança, uma vez que o senso moral lhes é reduzido. Em geral, “[…] não atendem às exortações, não aceitam conselhos, não obedecem a razões e não há sentimento, por mais generoso que seja que os comova.” (13) As subjugações espirituais vinculam-se a ações passadas, desta ou de outras existências, cuja mágoa e ódio mantêm ligados obsessor e obsidiado.


Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente existência. Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluído mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor. Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela. Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios […]. (3)

  • E chegaram à outra margem do mar, à província dos gadarenos. E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com Espírito imundo, o qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender. Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões, em migalhas, e ninguém o podia amansar. E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes e pelos sepulcros e ferindo-se com pedras. E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o. E, clamando com grande voz, disse. Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes. (Porque lhe dizia: sai deste homem, Espírito imundo.) E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora daquela província. E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles Espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil) e afogou-se no mar. E os que apascentavam os porcos fugiram e o anunciaram na cidade e nos campos; e saíram muitos a ver o que era aquilo que tinha acontecido. E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juízo, e temeram. (Mc 5.1-15).

Esta passagem evangélica, além de ilustrar o processo obsessivo por subjugação, demonstra que um mesmo obsidiado pode ser dominado por vários Espíritos. Nesta situação, a criatura não é mais dona da própria vontade, ficando à mercê das imposições dos perseguidores espirituais. A mente do encarnado, nestas condições, vive mergulhada em graves perturbações, tendo as energias físicas espoliadas, ao longo do tempo, pelo vampirismo degradante dos subjugadores, tão desarmonizados quanto ele próprio. O obsidiado, comumente classificado como portador de loucura, vive imensos suplícios, totalmente alienado. Somente o Cristo para libertar o “[…] pobre gadareno, tão intimamente manobrado por entidades cruéis, e que mais se assemelhava a um animal feroz, refugiado nos sepulcros.” (16)

É necessário interpretar corretamente estes versículos de Marcos, não os analisando de forma literal: “E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles Espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil) e afogou-se no mar.”

Obviamente, nos parece fora de propósito supor que o Cristo iria permitir a morte dos animais. Ele jamais eliminaria um mal com outro mal.

Uma possibilidade é que, existindo de fato uma vara de porcos no local, os obsessores ficaram tão enraivecidos porque Jesus libertou o ser que eles subjugavam, que direcionaram a sua fúria contra os irracionais, tal como acontece com pessoas iradas que quebram objetos, esmurram paredes ou móveis e maltratam animais que cruzam o seu caminho, quando se encontram ensandecidos pela raiva. Allan Kardec nos fornece estas explicações:


O fato de serem alguns maus Espíritos mandados meter-se em corpos de porcos é o que pode haver de menos provável. Aliás, seria difícil explicar a existência de tão numeroso rebanho de porcos num país onde esse animal era tido em horror e nenhuma utilidade oferecia para a alimentação. Um Espírito, porque mau, não deixa de ser um Espírito humano, embora tão imperfeito que continue a fazer mal, depois de desencarnar, como o fazia antes, e é contra todas as leis da Natureza que lhe seja possível fazer morada no corpo de um animal. No fato, pois, a que nos referimos, temos que reconhecer a existência de uma dessas ampliações tão comuns nos tempos de ignorância e de superstição; ou, então, será uma alegoria destinada a caracterizar os pendores imundos de certos Espíritos. (5)


Como fechamento deste estudo inserimos estes sábios esclarecimentos de Emmanuel:


Que a obsessão é moléstia da alma, não há negar. A criatura desvalida de conhecimento superior rende-se, inerme, à influência aviltante, como a planta sem defesa se deixa invadir pela praga destruidora, e surgem os dolorosos enigmas orgânicos que, muitas vezes, culminam com a morte. Dispomos, contudo, na Doutrina Espírita, à luz dos ensinamentos do Cristo, de verdadeira ciência curativa da alma, com recursos próprios à solução de cada processo morboso da mente, removendo o obsessor do obsidiado, como o agente químico ou a intervenção operatória suprimem a enfermidade no enfermo, desde que os interessados se submetam aos impositivos do tratamento. Se conduzes o problema da obsessão com lucidez bastante para compreender as próprias necessidades, não desconheces que a renovação da companhia espiritual inferior, a que te ajustas, depende de tua própria renovação. Ouvirás preleções nobres, situando-te os rumos. Recolherás, daqui e dali, conselhos justos e precisos. Encontrarás, em suma, nos princípios espíritas, apontamento certo e exata orientação. Entretanto, como no caso da receita formulada por médico abnegado e culto, em teu favor, a lição do Evangelho consola e esclarece, encoraja e honra aqueles que a recebem, mas, se não for usada, não adianta. (17)



ORIENTAÇÕES AO MONITOR: Realizar uma breve exposição sobre o assunto desenvolvido neste Roteiro. Solicitar aos participantes que se organizem em pequenos grupos para leitura de um dos cinco textos evangélicos, e apresentem resumo das ideias principais, em plenária. Ao fechar a reunião, destacar a importância de prevenir a obsessão, tendo com base a segunda referência 16, citada nos subsídios.



Referências:

1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Capítulo 14, item 45, p. 347.

2. Idem - Item 46, p. 347.

3. Idem - Item 46, p. 348.

4. Idem - Item 47, p. 349.

5. Idem - Capítulo 15, item 34, p. 376-377.

6. Idem - O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte 2,  Capítulo 23, itens 237, 238, 239, 240, p. 317-320.

7. Idem - Item 239, p. 318.

8. Idem - Item 240, p. 320.

9. Idem - Parte 2, Capítulo 14, item 267, questão 20ª, p. 348-349.

10. FRANCO, Divaldo P. Nas fronteiras da loucura. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Salvador [BA]: Alvorada, 1982. Item: Análise das obsessões, p. 11.

11. Idem, ibidem - p. 12.

12. Idem, ibidem - p. 15-16.

13. SCHUTEL, Cairbar. O espírito do Cristianismo. 8. ed. Matão: 2001 . Capítulo 60 (A cura de um epilético), p. 311.

14. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Capítulo 144 (Que temos com o Cristo?), p. 303-304.

15. Idem - Falando à terra. Por diversos Espíritos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Item: Mentalismo - mensagem do Espírito Miguel Couto, p. 212.

16. Idem - Seara dos médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Item: Obsessão e evangelho, p. 182.

17. Idem - Item: Obsessão e cura, p. 195-196.


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