O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vitória — Familiares diversos


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Maurício Xavier de Vieira

MENSAGEM I


1 Querida mãezinha e querido papai, abençoe-me.

2 Um bilhete simples que me registre a presença.

3 Estou bem, porque me sinto além dos onze janeiros que me apontam o tamanho da experiência na Terra. n Inexplicavelmente para mim, tenho crescido em maturidade e estatura.

4 Não sei esclarecer com pormenores, o que me ocorre, quanto sucede aí no mundo físico, em que nunca nos conscientizamos do nosso desenvolvimento, sem medicação e sem esforço para isso.

5 O que lhes posso dizer é que estou parecendo muito mais idoso que o nosso Wagner e a nossa Jeanine. n

6 Já consigo alinhar pensamentos para confrontos de situações, como acontece com gente madura e isso, de certo modo, me espanta, conquanto me agrade, porque já sei o que devo dizer, sem que alguém me determine o que possa ser dito.

7 Segundo observam, sou um Maurício em nova fase, sem deixar de ser o mesmo.

8 Acompanho todas as nossas datas queridas e sigo os acontecimentos da família, com uma visão nova das causas. 9 Rendamos louvores a Deus pelas verdades que vamos compreendendo, de modo que nós mesmos possamos tudo medir pelas dimensões que Jesus estabeleceu para conquistarmos, em nosso trabalho, a posse de uma vida feliz, tão feliz quanto possível, num Plano de constantes mutações qual o da Terra.

10 Mãezinha, muito grato por suas expressões de confiança e carinho, esperança e saudade em nossos diálogos do silêncio.

11 É isso mesmo. Prossigamos. Todos estamos empenhados ao serviço por nosso próprio aperfeiçoamento.

12 Agora, vou terminar, lembrando-me do vovô Zico n e de todos os nossos em minhas saudações de paz e amor.

13 Em outra oportunidade, espero que me farei mais extenso.

14 Recebam, meus pais queridos e amigos de sempre, tudo aquilo que eu consiga ser de melhor, com muitos beijos de gratidão e muito amor do filho sempre grato,


Maurício


MENSAGEM II


1 Querida mamãe e querido papai, como sempre rogo me abençoem, pedido esse que nesta hora estendo ao querido vovô Zico.

2 Sei que a noite permanece repleta de vibrações e preces que se entrecruzam, aspirando a receber notícias e apontamentos de coragem.

3 Entretanto, a vovó Alexandrina n e eu viemos até aqui expressando os nossos votos de alegria e paz a todos os nossos, mas especialmente ao vovô Zico, a quem a tristeza vem assediando com mais força.

4 Mamãe, fale por mim ao vovô que precisamos dele, nós todos. O amigo valoroso e protetor de todos os dias que ele representa, em nosso favor, não pode esmorecer.

5 Existem familiares que se fazem guardiães de todo o grupo em que se nasce no mundo. n Assumem responsabilidades e abraçam conosco os nossos próprios compromissos, à maneira de avalistas de Deus, assegurando-nos preciosos empréstimos de possibilidades e forças.

6 Vovô Zico é para nós um desses esteios de amor que suportam o peso de nossa casa, em nos referindo a todos os recantos-satélites, nos quais florescem e frutificam os ideais que ele soube criar com bondade e grandeza.

7 Diga, mamãe, ao vovô Zico, que a vida não proporciona brechas para desânimo. É imperioso lutar e resistir às forças menos felizes que por vezes nos assaltam a cidadela do espírito.

8 Estamos a postos e todos partilharemos o esforço para vê-lo vitorioso, na superação de quaisquer problemas.

9 Papai querido, continuamos todos juntos. Agradeço os seus pensamentos de confiança para com este seu filho que ainda pode tão pouco. n

10 Guarde, entretanto, a certeza de que reencaminho os seus lindos pensamentos aos nossos benfeitores daqui, que realmente nos podem valer na solução de nossas necessidades.

11 Envio ao Wagner e à Jeanine os meus votos de felicidade com as bênçãos de Jesus.

12 Por aqui, mamãe, vou terminando… Falar de nossas saudades e agradecer o seu carinho incessante ficam para depois.

13 Receba, com o papai, com o vovô Zico e com todos os nossos, o abraço de imenso amor e de profunda gratidão do seu filho que tem o coração em seu coração, sempre o seu


Maurício


MENSAGEM III


1 Querida mamãe, do seu coração querido e do papai espero a bênção que me reveste de paz.

2 Estamos em nossa ramaria de saudade para falar de esperança. Compreendo, mãezinha, o vazio que a vovó Augusta deixou em nosso caminho.

3 A família parece a ampulheta funcionando… Ora está se ampliando em nosso Lado Espiritual, ora aumentando no Plano Físico…

4 Regendo esse movimento está o Tempo, desempenhando os encargos de ministro de Deus. 5 Renascimento e desencarnação constituem duas fases que nos assinalam a estrada da evolução.

6 Ah! se pudéssemos orientar a marcha unicamente pelos sinais verdes no trânsito, pelas sendas diversas que nos são apresentadas, seríamos felizes mais depressa, porque há sempre os acidentes da alma nessa peregrinação para Deus.

7 Encontros nos desencontros e vice-versa. Refiro-me a isso, simplesmente para imaginar a construção mais fácil de nossa felicidade geral, que por vezes, custa a aparecer.

8 Mas, não nos influenciemos pelo pessimismo. Tijolo a tijolo, significando o dia a dia, prosseguiremos na edificação do conjunto de moradias iluminadas de amor em que o futuro nos permitirá residir.

9 A querida vovó Augusta n pensou tanto, com tamanha introversão, nos assuntos que nos preocuparam ultimamente, que adquiriu uma certa amnésia, em cujo processo se anularam alguns centros importantes da vida do cérebro, inibindo-lhe a vivência normal, em que sempre a vimos por nosso anjo guardião, e apoio de nossa paz.

10 Mãezinha, o seu carinho já sabe e o papai igualmente não ignora. A vovó mentalizou no silêncio os problemas da tia Guth, n e as provas do caminho a que me reportei, como que a impeliram a viver quase ausente de si própria, nos tempos últimos, à procura da filha, sonhando ou ansiando reencontrá-la em suas viagens espirituais.

11 Creiam, porém, a senhora e meu pai, que os nossos Benfeitores conseguiram para ela o passaporte oportuno, através do qual não necessitou de qualquer demora no labirinto dos pensamentos de indagação permanente no qual havia passado a viver.

12 Ela mereceu a bênção da liberação, sem lágrimas, a emancipação sem angústia. Descansou, à maneira de uma criança que requisitasse o retorno ao próprio lar.

13 Agora, permanece o tratamento de reajuste, e nesse tratamento vai conquistando melhoras substanciais. Naturalmente, ainda não retomou a memória de maneira total e, em me fitando, na maioria das vezes, imagina que sonha…

14 Uma preocupação dominante, posso notar naquele maravilhoso coração que nos serviu de refúgio. A vontade de saber o vovô Zico fortalecido e bem tratado é a ideia que lhe rege todas as outras lembranças que lhe afloram à alma.

15 Por isso, pedimos ao seu carinho e ao papai, solicitarem à tia Maria Helena a continuidade do amor com que ela se consagra à sustentação da nossa casa.

16 Muitos amigos nossos me fazem portador deste pedido, porque, em nossas regiões de experiências, os pensamentos vibram e atingem as criaturas com endereço exato…

17 E vovó Augusta recolhe as preces-anseios da filha querida que vem rogando forças para se desincumbir do trabalho de assistência ao vô Zico e aos nossos que se reúnem a ele, em nosso lar de origem.

18 O meu avô Zeferino n com o nosso amigo Tarcísio n vieram em minha companhia, para que não me esqueça do pedido que transmito confiantemente aos pais queridos.

19 Agora, querida mãezinha, ficaria contente se pudesse escrever um capítulo especial de saudade, mas estará ele gravado em nosso corações.

20 Peço ao Wagner e à Jeanine me representarem junto ao papai, desejando a ele um Dia Feliz, com muita saúde e tranquilidade, agora e para a frente, pois precisamos vê-lo sempre animado e valoroso na fibra de resistência e serviço, compreensão e bondade de que nos dá o exemplo incessante.

21 Mãezinha Alexandrina, não permita que a tristeza passe para dentro de nosso espírito, embora as dificuldades que possamos experimentar a fim de cerrar-lhe a porta.

22 Pense em nós aqui, onde nos encontramos, como parte da família que continua trabalhando e confiando, à espera de nossa união para o Sempre, mas isso não expressa qual quer propósito de pressa. As obras de Deus são filhas da paciência e do amor nas bases do tempo.

23 Que sejamos capazes de pensar nisso e prosseguir contentes com os Desígnios Divinos.

24 Muitas lembranças a todos os nossos corações queridos, e recebam os queridos pais muitos beijos de carinho e reconhecimento do filho que lhes pertence, hoje quanto ontem, amanhã e sempre.

25 Saudades, muitas saudades do filho cada vez mais agradecido,


Maurício


Foi na manhã de 31 de janeiro de 1981, a última vez que conversamos com o Dr. José Vieira Filho, por telefone, ocasião em que lhe prometemos, dentro de nossas possibilidades, em momento oportuno, incluir as três mensagens de seu inesquecível filho Maurício, num volume a ser organizado, já que o médium Xavier, verbalmente, aquiescera a semelhante intento.

Nosso companheiro de Enxugando Lágrimas — págs. 171-177 — e de Claramente Vivos — págs. 130-138 —, Maurício Xavier de Vieira nasceu em Goiânia, Estado de Goiás, a 14 de dezembro de 1968, filho do anestesiologista Dr. José Vieira Filho e de D. Alexandrina Maria Xavier Vieira, aí desencarnando a 17 de maio de 1976, com sete anos de idade, em consequência de graves queimaduras, por acidente, uma semana antes, em sua residência, à Rua 128, n.º 20, Setor Sul.


Mensagem I, recebida a 3 de novembro de 1979.

1 — “Estou bem, porque me sinto além dos onze janeiros que me apontam o tamanho da experiência na Terra. / Inexplicavelmente para mim, tenho crescido em maturidade e estatura.”: A respeito deste assunto — o crescimento do Espírito, em termos de estatura —, consultemos as notas 3 do Capítulo 14 e 3 do Capítulo 26 de Claramente Vivos, referindo-se ao próprio Maurício.


2 — Wagner e Jeanine: Irmãos do comunicante, nascidos, respectivamente, a 7 de agosto de 1965 e 11 de junho de 1964, em Goiânia.


3 — Vovô Zico: Sr. Brasil Xavier Nunes, avô materno, nascido em Silvânia, Estado de Goiás, a 20 de setembro de 1907.


Mensagem II, recebida a 23 de fevereiro de 1980.

1 — Vovó Alexandrina: Sra. Alexandrina Fontes Xavier, bisavó materna, que nasceu e desencarnou em Anápolis, GO, respectivamente, a 13 de agosto de 1888 e 3 de março de 1936.


2 — “Existem familiares que se fazem guardiães de todo o grupo em que se nasce no mundo. / Assumem responsabilidades e abraçam conosco os nossos próprios compromissos, à maneira de avalistas de Deus, assegurando-nos preciosos empréstimos de possibilidades e forças.”: Referindo-se ao vovô Zico, alerta-nos Maurício quanto à necessidade de todos nós oramos por esses avalistas de Deus, que existem em todas as famílias, a fim de que possam prosseguir firmes na tarefa que, espontaneamente, abraçaram.


3 — “Agradeço os seus pensamentos de confiança para com este seu filho que ainda pode tão pouco. / Guarde, entretanto, a certeza de que reencaminho os seus lindos pensamentos aos nossos benfeitores daqui, que realmente nos podem valer na solução de nossas necessidades.”: Eis, a nosso ver, uma espécie de prece refratada, de que trata o Espírito de André Luiz, nos Capítulos I e II de Entre a Terra e o Céu, n recebido pelo médium Xavier, em 1954, sendo que, aqui, o próprio Espírito do filho reencaminha os pensamentos de súplicas do genitor aos Benfeitores da Vida Maior. Belíssimo exemplo de humildade.


Mensagem III, recebida a 9 de agosto de 1980.

1 — Vovó Augusta: Avó materna, desencarnada, D. Augusta Leite Xavier, natural de Sacramento, Minas Gerais.


2 — Tia Guth: Tia materna, desencarnada, D. Maria Augusta Sabag.


3 — Avô Zeferino: Depois de se referir à tia Maria Helena, Maurício faz alusão ao avô Zeferino, bisavô materno, desencarnado, Sr. Zeferino Leite.


4 — Amigo Tarcísio: Amigo da família, desencarnado, Tarcísio Siqueira.


Esperando que o leitor possa examinar as páginas 244-246 da Revista Espírita do ano de 1866,  n nas quais Allan Kardec estuda o caso de um menino que desencarnou com sete anos de idade e passou a ser guia espiritual de sua genitora que, por sua vez, se tornou médium — “Questões e Problemas — Crianças, Guias Espirituais dos Pais” — pedimos vênia para transcrever pequena mensagem de outra criança, que desencarnou aos dois anos de idade, da Revista Espírita do ano de 1868.  n

Trata-se da tradução de uma obra inglesa, feita da 5ª edição, e que foi publicada em Amsterdam, em 1753, intitulada: A amizade após a morte, contendo as cartas dos mor tos aos vivos. Pela senhora Rowe.

Vejamos apenas o que consta da página 12:

“Carta III: De um filho cínico, morto aos dois anos, à sua mãe. — Desde o momento em que minha alma foi libertada de sua incômoda prisão, achei-me um ser ativo e raciocinante. Admirado por vos ver chorar por uma pequena massa, apenas capaz de respirar, que eu acabava de deixar, e me encontrava encantado por me ter desembaraçado, pareceu-me que estivésseis aborrecida pela minha feliz libertação. Encontrei uma tão justa proporção, tanta agilidade e uma luz tão brilhante no novo veículo que acompanhava o meu Espírito, que não podia admirar-me bastante que vos afligísseis com a feliz troca que eu havia feito. Então eu conhecia tão pouco a diferença dos corpos materiais e imateriais, que eu me imaginava ser tão visível para vós quanto sois para mim.”


Elias Barbosa



[13] Francisco Cândido Xavier, André Luiz, Entre a Terra e o Céu, FEB, Rio de Janeiro, RJ, 5ª edição, 1972, pp. 12-17.


[14] Allan Kardec, Revista Espírita — Jornal de Estudos Psicológicos — Nono ano — 1866, Trad. de Júlio Abreu Filho, Edicel, São Paulo, 1966.


[15] Revista Espírita — Jornal de Estudos Psicológicos — Décimo Primeiro Ano — 1868, p. 326.


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