O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Porto de alegria — Familiares diversos


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Regresso de familiares queridos

Atraído pelo progresso da região Norte do país; o jovem Domingos Donizetti, Zetti na intimidade, residente em São Carlos, SP, dirigiu-se à cidade paraense de Tucuruí, onde conseguiu um emprego como Supervisor de Segurança de Trabalho. Apesar de trabalhar tão longe do carinho materno, estava contente com a nova função, conforme seus telefonemas semanais à sua progenitora, Dª Lourdes.

Mas, na manhã de 14 de agosto de 1983, um domingo de muito sol, todos os seus sonhos de progresso profissional foram desfeitos: ao mergulhar no rio Tocantins, ele não mais voltou à superfície.

O drama de Dª Lourdes, já viúva desde 1978, não cessou com esse doloroso acontecimento. Seu filho Dimas Luiz, já casado, com o falecimento do irmão entrou em depressão, quadro que se agravou ao perder o emprego. E, profundamente abatido, num momento de desespero, baleou a própria cabeça, vindo a desencarnar no hospital a 08 de janeiro de 1984.

Apesar desses duros impactos sucessivos, Dª Lourdes e seu filho Valdo têm revelado muita fé e admirável resignação, sentindo-se fortalecidos com o recebimento de várias cartas dos próprios jovens desencarnados, psicografadas no Grupo Espírita da Prece, desde setembro de 1984.

Transcreveremos as últimas cartas de Dimas e Zetti, e a única do Sr. Abílio Zornetta, pai de ambos, que destacou, com sabedoria, em sua mensagem, o valor do estudo doutrinário, especialmente da evangelização, para todos os servidores da seara espírita.




CARTA DE DIMAS n


1 Querida mãezinha Lourdes, n abençoe-me.

2 Estou escrevendo em letras grandes e vagarosas para facilitar a leitura.

3 Venho até o seu coração, querida, desejar-lhe um feliz Dia das Mães, em nome do Donizetti e em meu nome, pedindo a Jesus lhe conceda, junto a toda a nossa família, muita saúde e paz, encorajamento e alegria.

4 Sentimo-nos felizes com a presença do nosso Valdo, n que em si, vale por nós três, os seus filhos. Valdo tem sabido honrar os seus compromissos e promessas, e concedeu-nos grande contentamento assumindo a nossa nova moradia.

5 Mãezinha Lourdes, agradecemos o seu esforço que a sua dedicação tem desenvolvido, na prática do bem. A sua compreensão vem obtendo novas luzes e estamos contentes ao vê-la sempre buscando a oportunidade de servir, o que ocorre desde os seus primeiros dias de enfermeira.

6 Pessoalmente expresso-lhe minha gratidão por ter abraçado a esposa que deixei, n e recolhendo no colo a criança querida que devia ter recebido de seu filho, e que recebe outro pai em meu lugar. A senhora adotou-a por neta do coração e, de minha parte, tenho-a comigo por filha do coração. n

7 Graças a Deus e ao seu amor de mãe, todos os meus problemas essenciais encontraram solução, muito embora, em pessoa, ainda sofra as consequências de meu gesto impensado. n

8 A senhora varou a barreira dos preconceitos e a nossa criança ficou sendo realmente nossa. Deus seja louvado!

9 Os meus agradecimentos se estendem ao nosso Valdo, que não perde ocasião para mimosear e afagar a sobrinha querida. Muito grato, meu irmão, por sua bondade fraterna. Estou ainda pobre e sem recursos para ser útil tanto quanto desejo, mas espero que futuramente eu possa retribuir-lhe com muito amor.

10 Mãezinha Lourdes, perguntei ao meu tio Luiz n sobre a possibilidade de ser trazida até aqui a nossa irmãzinha Vera Lúcia, n filha do senhor Lupércio; entretanto, ele me disse, com autorização dos Mentores que nos orientam as atividades, que será importante esperar mais tempo, de vez que a nossa irmã, pelo coração, ainda tem o Espírito traumatizado pelas emoções trazidas. Não pude discutir e transmito a notícia.

11 Peço ao Valdo abraçar a vovó n por mim, e distribuir minhas lembranças de amigo reconhecido com todos os nossos amigos e familiares.

12 Para o seu querido coração, mãezinha Lourdes, deixo aqui neste papel simples, todo o meu coração de filho reconhecido no Dia das Mães e sempre.

13 Sempre o seu filho devedor,


Dimas.

Dimas Luiz Zornetta. n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Psicografada na noite de 02/5/1987.


2 — Mãezinha Lourdes — Lourdes Formenton Zornetta, enfermeira aposentada, residente à Rua República do Líbano, 30, Jardim Cruzeiro do Sul, S. Carlos, SP.


3 — Valdo (…) assumindo a nossa nova moradia. — Demevaldo Zornetta, Valdo na intimidade, irmão. Ainda solteiro, juntamente com sua mãe, assumiu a direção do lar, realmente nova construção.


4 — Esposa — Maria B. C. Zornetta.


5 — A senhora adotou-a por neta do coração (…) tenho-a comigo por filha do coração. (…) Os meus agradecimentos se estendem ao nosso Valdo. — Refere-se à garotinha Michele, nascida em 08/9/1985, filha da ex-nora Maria, que reside em casa vizinha de Dª Lourdes. “Hoje, ela é o tesouro das nossas vidas” (que também é o pensamento do tio Valdo), afirmou-nos a vovó adotiva.


6 — Muito embora, em pessoa, ainda sofra as consequências de meu gesto impensado. — Em sua primeira mensagem, de 07/9/1984, oito meses após o suicídio, apresentou-se com visão parcial, dizendo-se em tratamento das consequências da lesão por ele mesmo provocada, que atingiu o cérebro do corpo físico e o cérebro do corpo espiritual. Na segunda mensagem, de 07/9/1985, contou que esteve, por seis meses, totalmente cego, apesar de tratamento constante. Naquela época, já frequentava uma escola na Espiritualidade. Nessas duas mensagens primeiras, destacou a “pressão de inimigos invisíveis” que atuaram para que voltasse para o Além “na posição de um suicida desventurado.”


7 — Tio Luiz — Luiz Zornetta, tio, desencarnado na cidade de S. Carlos, em 15/10/1949.


8 — Vera Lúcia — Vera Lúcia Pilla, filha de Lupércio Pilla e amiga de Valdo, desencarnou vítima de acidente automobilístico dentro da cidade de S. Carlos, a 08/07/1985.


9 — Vovó — Maria Ocana Formenton, avó materna.


10 — Dimas Luiz Zornetta — (S. Carlos, 19/04/1958 — 08/01/1984) Era marceneiro e fazia um curso de especialização, nessa profissão, no SENAI.




CARTA DE DOMINGOS n


Prossiga sempre leal aos seus caros próximos, em nossa Doutrina de Paz e Amor.

1 Querida mãezinha Lourdes, peço a Jesus nos inspire e nos proteja.

2 O nosso Dimas não pôde vir hoje ao seu encontro, mas recomendou-me traduzir-lhe o reconhecimento por todo o amparo que a sua bondade vem dispensando à nora e à pequena Michele, que continua crescendo em afeto e em inteligência para consolo de nossa família.

3 Mãezinha Lourdes, a saudade é que lhe forneceu passagem para vir de São Carlos até aqui e, por isso, me vejo na obrigação de responder-lhe com a mesma saudade que nos reside nos centros mais íntimos do Espírito.

4 A senhora não desanime. Não deixe que o pessimismo se lhe infiltre na alma, porque o pessimismo gera a tristeza e a tristeza como que nos aposenta à distância do serviço que precisamos desenvolver. 5 Trabalhar para o benefício dos outros é alcançar a paz e a felicidade para nós mesmos.

6 A senhora tem a nossa família e a família dos necessitados, que lhe solicitam apoio, e o auxílio dos Mensageiros de Jesus que estarão colaborando em todas as suas tarefas, a fim de que sua vida se mostre plena de nobres ações que a enobrecerão cada vez mais.

7 Agradeço ao nosso caro Valdo quanto faz pelo bem de todos os nossos, e espero que ele continue sendo o irmão e filho incansável a substituir-nos, ao Dimas e a mim, nas obrigações de nossa casa, que o seu amor converteu em refúgio de tranquilidade para quantos nos batam à porta buscando paz e consolação.

8 Nosso Valdo tem crescido bastante no ideal de agir e servir, e formulo votos para que ele prossiga sempre leal aos seus propósitos, em nossa Doutrina de Paz e Amor.

9 Peço ao seu querido coração, informá-lo que o nosso irmão Antônio está mais forte e caminha para a recuperação necessária que se lhe faz precisa, de modo a retomar o arado de seus deveres ao pé da família e dos numerosos que deixou no mundo. Refiro-me ao nosso irmão Antônio Sentanin, n cujo progresso nas melhoras precisas continua em franca ascensão.

10 Mãezinha Lourdes, desejando-lhe junto ao nosso Valdo, e junto a todos os nossos amigos queridos, muita saúde e paz, alegria e bom ânimo, as minhas muitas saudades de sempre, sou o seu filho sempre reconhecido,


Zetti

Domingos Donizetti Zornetta. n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


11 — Psicografada na noite de 05/03/1988.


12 — Antônio Sentanin — Grande amigo da família, desencarnado a 25/08/1987, em São Carlos.


13 — Domingos Donizetti Zornetta — (S. Carlos, SP, 13/05/1956 — Tucuruí, PA, 14/08/1983) Concluiu os cursos de Supervisor de Segurança de Trabalho e Auxiliar de Enfermagem. Em sua primeira carta mediúnica, de 07/09/1984, ele desfez as dúvidas da família com respeito aos fatos que envolveram seu afogamento no Tocantins: “Os amigos convidaram-me para alguns momentos de distração em Tucuruí e não hesitei no mergulho, no qual o coração parou de repente. Quando alcancei o fundo das águas não tive forças para retornar.” E na segunda carta, de 08/09/1985, complementa: “Afogamento por afogamento, e parada cardíaca por parada cardíaca, encontraria no Estado de São Paulo mesmo, sem aquela ansiedade de tentar vida nova no Pará.”




CARTA DE ABÍLIO n


Pão e ensino são duas bênçãos para quem os distribui e para quem os recebe.

1 Querida Lourdes, peço a Jesus nos fortaleça.

2 Sei que a saudade dos filhos é o ímã que a estimula para viagens assim longas para a sua saúde, mas o nosso Dimas e o nosso Domingos estão na disciplina do serviço espiritual em que se renovam, e me incumbiram de trazer-lhes, a você e ao nosso Demevaldo, as suas lembranças de carinho e agradecimento.

3 Peço dizer ao Demevaldo que as tarefas no Gonzaga n estão bem; no entanto, ao lado da assistência de ordem material, é preciso estudar para que a mente dele e dos companheiros de tarefa se lhes clareie suficientemente. Pão e ensino são duas bênçãos para quem os distribui e para quem os recebe.

4 O nosso amigo Oswaldo n tem razão quando destaca a necessidade da evangelização. Creia que essa dupla de bênção — alimento e lição, — igualmente a fortificará.

5 Querida companheira, muito grato aos seus pensamentos de paz e auxílio em meu benefício. Deus a recompense.

6 Com a respeitosa estima de sempre, sou o seu servidor e esposo, amigo e companheiro que tanto lhe deve a dedicação,


Abílio Zornetta n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


14 — Psicografado na noite de 06/12/1986.


15 — Tarefas no Gonzaga — Favela do Gonzaga, bairro pobre de S. Carlos, onde Valdo, Dª Lourdes e amigos auxiliam.


16 — Oswaldo — Oswaldo Caetano, confrade e médium, amigo da família.


17 — Abílio Zornetta — Esposo de Dª Lourdes, desencarnado em Jaú, SP, de parada cardíaca, a 24/06/1978.


Hércio Arantes


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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