O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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O Evangelho por Emmanuel — Volume VI

Comentários às Cartas de Paulo

Introdução à Carta aos Hebreus

A Carta aos hebreus é talvez o mais controvertido texto do Novo Testamento. Não só pela sua forma. que se diferencia de todas as demais cartas, mas, também, por alguns aspectos que, desde o Cristianismo Primitivo, chamaram a atenção de estudiosos: o nome de Paulo não aparece uma única vez na carta; os temas que normalmente são tratados com importância nas outras cartas, aqui estão ausentes ou abordados de maneira indireta ou diferente.

O uso e abordagem ao Antigo Testamento também fazem com que, no conjunto, o texto de Hebreus se aproxime mais de uma exposição argumentativa do que propriamente uma carta, à exceção do seu final. Isso pode ter sido uma das razões pelas quais a carta não é colocada logo após 2 Coríntios, como seria de se esperar, dado o seu tamanho e ser ela destinada a uma coletividade.

Por essas razões, temos posições diferentes em relação à sua autoria. Tertuliano atribuía a carta a Barnabé; Clemente, de Alexandria, acreditava que a carta era de Paulo, mas que teria sido escrita em língua hebraica e depois traduzida para o grego por Lucas. Orígenes conhece e cita Hebreus, embora sua posição em relação à autoria pareça diferir ao longo do tempo.

Apesar disso, já existem, em Clemente de Roma, visíveis similaridades com Hebreus, o que sugere que ele a conhecia. Isso nos leva a crer que, para além das questões de autenticidade, o conteúdo foi acolhido pela maioria dos cristãos.


Estrutura e temas

Remetentes: não declarado | Capítulos: 13 | Versículos: 303


   Deus falou antes de muitos modos, agora fala por meio do Filho. | 1.1,2
Superioridade de Jesus. | 1.3
Jesus é superior aos anjos. | 1.4 — 2.18
Jesus é superior a Moisés. | 3.1 — 4.13
Jesus é um sumo sacerdote. | 4.14 — 5.10
Aqueles que deveriam ter se tornado mestres permanecem como crianças. | 5.11-14
Os temas mais elevados. | 6.1-3
Advertências aos que foram iluminados e caíram. | 6.4-8
Encorajamento e esperança. | 6.9-20
O sacerdócio de Melquisedec. | 7.1-10
O sacerdócio levítico e o de Melquisedec. | 7.11-20
O sacerdócio de Jesus. | 7.21-28
O tema mais importante da carta. | 8.1-5
Jesus é mediador de uma aliança maior. | 8.6-13
O ritual e o culto na primeira e na segunda alianças. | 9.1-14
O porquê de Jesus ser o mediador da nova aliança. | 9.15-28
Os sacrifícios feitos da forma antiga são ineficazes. | 10.1-10
O sacrifício de Jesus é eficaz. | 10.11-18
A liberdade proporcionada pelo sacerdócio e sacrifício de Jesus. | 10.19-22
Exortação à perseverança. | 10.23-39
A importância da fé. | 11.1-40
Perseverar com os olhos fixos em Jesus, que é o iniciador e consumador da fé. | 12.1-4
O sofrimento como forma de correção. | 12.5-13
Exortação à paz. | 12.14-17
Advertências para os que se aproximam das realidades celestes. | 12.18-29
Recomendações de amor e conduta na comunidade. | 13.1-6
Todos os dirigentes perecem, só Jesus permanece. | 13.7-9a
O fortalecimento do coração e o altar íntimo. | 13.9b-16
Obediência aos dirigentes. | 13.17
Pedido de orações. | 13.18,19
Bênção final. | 13.20,21
Notas de envio, notícias de Timóteo e saudações finais. | 13.22-25


Origem e data

A única referência, no próprio texto da carta, que remete a uma possível localização, é a citação na saudação final: “Os da Itália vos saúdam”. Isso sugere uma possível composição em Roma, sem, contudo, ser conclusiva nesse sentido.

As questões relacionadas à autoria e dificuldade de localização levaram os estudiosos a proporem datas bastante distantes em relação à composição da carta, compreendendo um período que vai desde o ano 60 até o ano 90, tendo 65 a 68 como sugestões mais frequentes.


Perspectiva espírita

A carta traz um conjunto de argumentos, defendendo a superioridade de Jesus em relação a Moisés e aos anjos. Isso se ajusta à perspectiva que a Doutrina Espírita utiliza da superioridade de Jesus, a começar pela questão 625 de O Livro dos Espíritos.

Em relação a origem e data, Emmanuel, no livro Paulo e Estêvão, registra o momento e condições que levaram à elaboração da Carta aos hebreus. Paulo estava em Roma e após uma tentativa fracassada em apresentar o Evangelho aos correligionários judeus, ele decidiria concentrar seus esforços na divulgação do Evangelho entre os gentios. Nesse momento, um senhor de idade aproxima-se do ex-rabino e lhe pede que não desista de sua gente. Comovido com aquele gesto, Paulo informa que, não lhe sendo possível falar na sinagoga, dado a estar ainda em prisão domiciliar, iria escrever aos irmãos de boa vontade dentro do judaísmo. Transcrevemos a seguir o texto de Paulo e Estêvão que trata deste tema:

“Daí por diante, aproveitando as últimas horas de cada dia, os companheiros de Paulo viram que ele escrevia um documento a que dedicava profunda atenção. Às vezes, era visto a escrever com lágrimas, como se desejasse fazer da mensagem um depósito de santas inspirações. Em dois meses, entregava o trabalho a Aristarco para copiá-lo, dizendo:
— Esta é a epístola aos hebreus. Fiz questão de grafá-la, valendo-me dos próprios recursos, pois que a dedico aos meus irmãos de raça e procurei escrevê-la com o coração.
O amigo compreendeu o seu intuito e, antes de começar as cópias, destacou o estilo singular e as ideias grandiosas e incomuns.”


Saulo Cesar Ribeiro da Silva


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