O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Notáveis reportagens com Chico Xavier reproduzidas do jornal O Globo — Autores diversos


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A Terra não passa de um detalhe obscuro no ilimitado da Vida

Uma resposta de Emmanuel sobre a pluralidade dos mundos e as diversas moradas do Espírito nos Planos físicos


PEDRO LEOPOLDO,  †  23, (Especial para O GLOBO, por Clementino de Alencar) — Uma pergunta que já nos ocorrera, apareceu também na correspondência de Chico Xavier.

Alguém desejava saber se a Terra é o único planeta onde, dentro da chamada lei da evolução, têm os Espíritos de fazer os seus estágios nos Planos físicos.

A esse respeito já divulgamos a mensagem intitulada “Belezas de Saturno”, tirada da série “Cartas de uma morta”, e na qual o belo planeta das várias luas apresenta-se cheio de encantamentos e maravilhas, habitado por uma população de seres superiores e sábios, tal como se estivesse ali localizada uma “prodigiosa estância de perfeições do Universo” [Obs. A referida reportagem não encontra-se nesse livro].

Quando, porém, a pergunta surgiu do seio da correspondência do médium e foi por este apresentada a Emmanuel, o “guia” lembrou haver já há tempos feito uma comunicação que envolvia a resposta à indagação de agora.

Os Espíritos têm muitas moradas nos Planos físicos. n


Conseguimos obter, de um amigo do médium, cópia dessa mensagem.

Eis o que nessas páginas, às quais intercalamos, como de hábito, subtítulos, nos diz Emmanuel:


Alguns estudiosos, há muitos séculos, guardam as verdadeiras concepções do Universo, o qual não se encontra circunscrito ao minúsculo orbe terreno e é representado pelo infinito dos mundos, dentro do infinito de Deus.

Não obstante as teorias do sistema geocêntrico, que encarava a Terra como o centro do grupo de planetas em que vos encontrais, a ideia da multiplicidade dos sóis vinha, de há muito, animando o cérebro dos pensadores da antiguidade.

Apesar da objetiva dos vossos telescópios, que descortinam, na imensidade, “as terras do céu”, julga-se erradamente que apenas o vosso mundo oferece condições de habitabilidade e somente nele se verifica o florescimento da vida.

Infelizmente, são inúmeros os que duvidam dessa realidade inconteste, aprisionados em escolas filosóficas que pecam pelo seu caráter obsoleto e incompatível com a evolução da Humanidade, em geral.


A Terra é até dos piores lugares…


É que não reconhecem que a Terra minúscula é apenas um ponto obscuro e opaco no concerto sideral, e nada de singular existe nela que lhe outorgue, com exclusividade, o privilégio da vida; em contraposição aos assertos dos negadores, podeis notar, cientificamente, que é mesmo, em vosso plano, o local do Universo onde a vida encontra mais dificuldades para se estabelecer.


A grande luta por uma vida sem harmonia nem espontaneidade


Grande é a tortura dos seres racionais que, no mundo terráqueo, buscam guarda para as suas aspirações de progresso, porquanto, do berço ao túmulo, suas existências representam grande soma de esforços combatendo com a Natureza inconstante, com as mais diversas condições climatéricas, arrasadoras da saúde e causas de um combate acérrimo da parte do homem, porque não lhe é possível viver em afinidade perfeita com a Natureza submetida às mais bruscas mutações, sendo obrigado a criar a sua moradia, organizar a sua habitação, que representa, de fato, a sua escravidão primeira, impedindo-lhe uma existência cheia de harmonia e espontaneidade.

O vosso mundo vos obriga a uma vida artificial, já que sois obrigados a buscar, quotidianamente, o sustento do corpo que se gasta e consome nessa batalha sem tréguas. Nele, as mais belas faculdades espirituais são frequentemente sufocadas, em virtude das mais imperiosas necessidades da matéria.


Por que tantos mundos criados para o eterno silêncio dos desertos?


Que se calem os que puderem descobrir a vida apenas em vossa obscura penitência de náufragos morais.

Por que razão a Vontade Divina colocaria na amplidão essas plagas longínquas? Enxergar nesses mundos distantes somente objetos de estudo da vossa Astronomia é um erro; eles estão, às vezes, regulados por forças mais ou menos idênticas às que controlam a vossa vida. Em sua superfície observam-se os fenômenos atmosféricos e outros, cuja explicação é inacessível ao vosso entendimento. Porque os formaria o Criador para o ermo do silêncio e do deserto? Podereis conceber cidades bem construídas, abarrotadas de tesouros e magnificências, apodrecendo sem habitantes?


Um detalhe obscuro no ilimitado da Vida


Há mundos incontáveis e muitos deles formados de fluidos rarefeitos, inatingidos, na atualidade, pelos vossos instrumentos de ótica.

A Terra não representa senão um detalhe obscuro no ilimitado da Vida, região da amargura, da provação e do exílio; constituindo, porém, uma plaga de sombras, varrida, muitas vezes, pelos cataclismos do infortúnio e da destruição, deve representar, para todos quantos a habitam, uma abençoada escola, onde se regenera o Espírito culpado e onde ele se prepara, demandando glorioso porvir.

Significa um dever de todo homem o trabalho próprio, no sentido de atenuar as más condições do seu meio ambiente, aplainando todas as dificuldades de ordem material e moral, porquanto a evolução depende de todos os esforços individuais no conjunto das coletividades.

Forças ocultas, leis desconhecidas, esperam que a alma humana delas se utilize e, à medida que se espalhe o progresso moral, mais os homens se beneficiarão na fonte bendita do conhecimento.


Desequilíbrios que obedecem a uma lei eterna


Para a humanidade terrestre a revelação de outras pátrias do firmamento, fragmentos da Pátria Universal, não deve constituir uma razão para desânimo de quantos se entregam aos labores profícuos do estudo. Os desequilíbrios que se verificam no orbe terreno obedecem a uma lei de justiça, acima de todas as coisas transitórias; e, além disso, a primeira obrigação de todo homem é colaborar, em todos os minutos de sua passageira existência, em prol da melhoria do seu próximo, consciente de que trabalhar a benefício de outrem é engrandecer-se.

O conhecimento das condições perfeitas da vida, em outros mundos, não deve trazer abatimento aos extremistas do ideal. Semelhante verdade deve encher o coração humano de sagrados estímulos.


Oração ao Universo


Saudai, pois, o concerto da vida, do seio dos vossos combates salvadores!…

Sóis portentosos, luzes policrômicas, mundos maravilhosos, existem embalados pelas harmonias que a Perfeição eleva à Entidade Suprema!…

Além do Grande Cão,  †  da Ursa,  †  de Hércules,  †  outras constelações atestam a grandeza divina. Os firmamentos sucedem-se ininterruptamente nas amplidões etéreas, mas a Humanidade para Deus, é uma só e o laço do seu amor reúne todos os seres.


A lente espiritual…


Eis aí o que nos revela Emmanuel com relação à pluralidade dos mundos e das moradas da alma nos planos planetários.

Infelizmente, essa maravilhosa objetiva espiritual, com que ele nos aconselha a olhar para o estrelado infinito, parece pouco adaptável aos telescópios da Terra.

E os astrônomos continuarão a ver, através das imensidões siderais, onde as distâncias já se medem por “anos-luz”, apenas uma panorama vertiginoso de mundos silenciosos e desertos…


Clementino de Alencar



[1] Essa mensagem foi publicada originalmente em 1937 pela FEB e é a 16ª lição do livro “Emmanuel”; embora a mensagem seja a mesma os subtítulos não correspondem.


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