O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Notáveis reportagens com Chico Xavier reproduzidas do jornal O Globo — Autores diversos


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Emmanuel fala-nos sobre a medicina dos homens e o problema angustioso das guerras n

A máxima de Juvenal continua de pé — A necessidade, para extinção das guerras, da renovação das diretrizes econômicas dos povos — O imperativo da mais intensa educação pessoal e coletiva — Guerra, consequência natural dos defeitos das leis humanas.


PEDRO LEOPOLDO,  †  16 (Especial para O GLOBO, por Clementino de Alencar) — Ocupar-nos-emos, hoje, de algumas respostas dadas por Emmanuel a indagações a respeito de guerras e da medicina da Terra.

Sobre este último ponto a pergunta feita era esta:

— “Como encaram os Espíritos a medicina da Terra?


O sagrado sacerdócio


Dados a atividade de certos “médiuns” que se dedicam à cura de males físicos, e os conflitos que, não raro, se estabelecem entre os processos da medicina espírita e os da terapêutica terrena, a resposta apresenta-se interessante, sobretudo, pelo esclarecimento que, de certa forma dá, sobre a razão e as possibilidades daqueles métodos mediúnicos de cura e o benefício que deles porventura resulta para o doente.

Tal esclarecimento, entretanto, nós apenas o podemos deduzir da resposta, pois é digno de ressaltar-se que, nela, Emmanuel, ao contrário do que se poderia supor, não faz propriamente defesa alguma exclusiva da medicina espírita. Limita-se a expor um ponto de vista sobre o problema dos males terrenos, exaltando mesmo nessa esfera, as atividades dos médicos da Terra, nas quais aponta um “sagrado sacerdócio”.

E detendo-se, um momento, em traçar a observação acima, o repórter não teve outro intuito que o de mais uma vez significar a isenção com que resolutamente se lançou nesta reportagem em torno do médium de Pedro Leopoldo.

Agora, passemos à resposta.

Trabalho santificante e abnegação redentora


A resposta de Emmanuel à indagação acima é a seguinte:

— A medicina, no quadro das ciências, é uma das maiores benfeitoras da humanidade; no seu seio não são poucos os Espíritos que se têm dignificado pelo trabalho santificante e pelas abnegações redentoras.

Digna de todo acatamento, é lícito esperar-se dela muito de realizações em favor dos que, na Terra, lutam e laboram pela conquista do aperfeiçoamento.

É uma questão de dar-se tempo ao tempo. Paulatinamente, ela resolverá muitos dos mais intricados problemas da microbiologia, no seu objetivo de conservar a saúde humana.

É pena que os sistemas medicinais se digladiem tanto na exposição de seus processos de cura; todos eles apresentam as suas vantagens e o que é mais necessário a quantos aceitam os seus postulados é encararem sua posição como decorrente de um sacerdócio muito sagrado.


Micróbios e elementos de ordem espiritual


É verdade que grande número de moléstias constituem enigmas dolorosos para a ciência dos homens, não obstante o avanço dos compêndios nosológicos. É que os micróbios patogênicos se associam a elementos sutilíssimos de ordem espiritual.

Um problema, grandioso demais pela sua transcendência, afronta os conhecimentos científicos — o das provações individuais, necessárias ao aprimoramento psíquico de cada um.


Relacionando enfermidades do corpo e da alma


Daí se infere a vantagem que adviria, para os processos medicinais, se a terapêutica espiritual estivesse sempre unida a quaisquer sistemas de cura. As enfermidades do corpo obedecem, geralmente, às enfermidades da alma; os tratamentos que a esta fossem aplicados o seriam em identidade de circunstâncias ao veículo das suas manifestações.

Aconselharíamos pois à medicina em geral a intensificação dos processos magnéticos de cura, a sugestão e, sobretudo, a disciplina da mente, força central e coordenadora dos fenômenos vitais. A mente educada representa a maior fonte de auxílios à medicatriz, elemento regenerador de todas as funções do organismo.


A máxima de Juvenal


E, em geral, secundando os esforços médicos, todos os homens deveriam ser fiéis observadores dos tratamentos preventivos, principalmente no tocante às questões da higiene, dos exercícios físicos, da ginástica respiratória, dos abusos da alimentação, dos desvios morais. A observância dos preceitos necessários seria eminentemente benéfica, portadora das melhores condições para a saúde do indivíduo e da coletividade.

Mais do que nunca se faz mister o estudo acurado do “Mens sana in corpore sano”.  † 

Vê-se, pois, que apesar da evolução do presente, não se pode prescindir das experiências do passado. Nos tempos de Einstein e Marconi,  †  ainda há necessidade da máxima antiga de  Juvenal.

Emmanuel.

Estará o mundo livre de guerras?

Passemos às perguntas que se preocupam com a ideia da guerra.

Diz uma:

— “Estará a Humanidade livre das guerras?

Eis a resposta do guia:

“Não consideramos como definitivamente afastada do seio das nações a ação nefasta das guerras. Para tanto ser faria mister que os homens, em geral, estivessem integrados no conhecimento dos seus deveres cristãos, o que não acontece. Por muito tempo ainda, cremos que, infelizmente, a humanidade será perseguida pela guerra e pela coorte de seus infortúnios e desgraças; cremos que a sua extinção se verificará somente depois de uma renovação radical, nas diretrizes econômicas adotadas pela maior parte dos países, aliada ao sentimento de solidariedade e fraternidade universais que, segundo a educação necessária, deve ser o característico das gerações futuras.


Consequência natural dos defeitos das leis humanas


Outra pergunta:

— “A guerra obedece a um determinismo no plano da evolução?

Resposta: Crê-se que a guerra obedeça a leis deterministas; julgo, porém, que proferir semelhante conceito é avançar muito. Ela é a consequência natural dos defeitos das leis humanas.

A necessidade imprescindível do momento do mundo é a solução do problema educativo. Faz-se precisa a educação pessoal e coletiva; da primeira decorre o progresso particular; da segunda, a evolução do mundo e das suas leis.

Emmanuel


Sobre o mesmo assunto há, ainda, outras respostas que enviaremos a seguir.


Clementino de Alencar



[1] Essa reportagem foi publicada primeiramente em 1935 pela LAKE e é a 7ª lição da 3ª Parte do livro “Palavras do Infinito.”


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