O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira


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Corrente elétrica e corrente mental

(Sumário)

1. DÍNAMO ESPIRITUAL. — Ainda mesmo que a Ciência na Terra, por longo tempo, recalcitre contra as realidades do Espírito, 2 é imperioso convir que, no comando das associações atômicas, sob a perquirição do homem, prevalecem as associações inteligentes de matéria mental.

3 O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo complexo, em que se verifica a transubstanciação do trabalho psicofísico em forças mento-eletromagnéticas, 4 forças essas que guardam consigo, no laboratório das células em que circulam e se harmonizam, a propriedade de agentes emissores e receptores, conservadores e regeneradores de energia.

5 Para que nos façamos mais simplesmente compreendidos, imaginemo-lo como sendo um dínamo gerador, indutor, transformador e coletor, ao mesmo tempo, com capacidade de assimilar correntes contínuas de força e exteriorizá-las simultaneamente.


2. GERADOR ELÉTRICO. — Recordemos que um motor se alimenta da corrente elétrica, fornecida pelos recursos atômicos do Plano material.

2 E para simples efeito de estudo da transmissão de força mediúnica, em que a matéria mental é substância básica, lembremo-nos de que a chamada força eletromotriz nasce do agente que a produz em circuito fechado.

3 Afirmamos que o gerador elétrico é uma fonte de força eletromotriz, entretanto, não nos achamos à frente de uma força automática, mas sim de uma característica do gerador, no qual a energia absorvida, sob forma particular, se converte em energia elétrica.

4 O aparelho gerador, no caso, não plasma correntes elétricas e sim produz determinada diferença de potencial entre os seus terminais ou extremos, facultando aos elétrons a movimentação necessária.

5 Figuremos dois campos elétricos separados, cada um deles com cargas de natureza contrária, com uma diferença de potencial entre eles. Estabelecido um fio condutor entre ambos, a corrente elétrica se improvisa, do centro negativo para o centro positivo, até que seja alcançado o justo equilíbrio entre os dois centros, anulando-se, desde então, a diferença de potencial existente.

6 Se desejamos manter a diferença de potencial a que nos referimos, é indispensável interpor entre ambos um gerador elétrico, por intermédio do qual se nutra, constante, o fluxo eletrônico entre um e outro, de vez que a corrente circulará no condutor, em vista do campo elétrico existente entre os dois corpos.


3. GERADOR MEDIÚNICO. — Idealizemos o fluxo de energias mento-eletromagnéticas, ou fulcro de ondas da entidade comunicante e do médium, como dois campos distintos, associando valores positivos e negativos, respectivamente, com uma diferença de potencial que, em nosso caso, constitui certa capacidade de junção específica.

2 Estabelecido um fio condutor de um para o outro que, em nosso problema, representa o pensamento de aceitação ou adesão do médium, a corrente mental desse ou daquele teor se improvisa em regime de ação e reação, atingindo-se o necessário equilíbrio entre ambos, anulando-se, desde então, a diferença existente, pela integração das forças conjuntas em clima de afinidade.

3 Se quisermos sustentar o continuísmo de semelhante conjugação, é imprescindível conservar entre os dois um gerador de força, que, na questão em análise, é o pensamento constante de aceitação ou adesão da personalidade mediúnica, através do qual se evidencie, incessante, o fluxo de energias conjugadas entre um e outro, 4 porquanto a corrente de forças mentais, destinada à produção desse ou daquele fenômeno ou serviço, circulará no condutor mediúnico em razão do campo de energias mento-eletromagnéticas existente entre a entidade comunicante e a individualidade do médium.


4. ÁTOMOS E ESPÍRITOS. — Para entendermos com mais segurança o problema da compensação vibratória na produção da corrente elétrica e (de outro modo) da corrente mental, lembremo-nos de que, 2 conforme a lei de Coulomb, ( † ) as cargas de sinal contrário ou de força centrípeta atraem-se, contrabalançando-se essa atração com a repulsão por elas experimentada, ante as cargas de sinal igual ou de força centrífuga.

3 A harmonia eletromecânica do sistema atômico se verifica toda vez que se encontre neutro ou mais propriamente, quando as unidades positivas ou unidades do núcleo são em número idêntico ao das negativas ou aquelas de que se constituem os elétrons, 4 estabilidade essa que decorre dos princípios de gravitação nas linhas do microcosmo.

5 Afirma-se, desse modo, que existe uma unidade de diferença de potencial entre dois pontos de um campo elétrico, quando a ação efetuada para transportar uma unidade de carga (ou 1 coulomb), de um ponto a outro, for igual à unidade de trabalho.

6 Entendendo-se que os mesmos princípios predominam para as correntes de matéria mental, embora as modalidades outras de sustentação e manifestação, somos induzidos a asseverar, por analogia, que existe capacidade de afinização entre um Espírito e outro, quando a ação de plasmagem e projeção da matéria mental na entidade comunicante for, mais ou menos, igual à ação de receptividade e expressão na personalidade mediúnica.


5. FORÇA ELETROMOTRIZ E FORÇA MEDIÚNICA. — Compreendemos que se dispomos, em toda parte, de fontes de força eletromotriz, mediante a sábia distribuição das cargas elétricas, encontrando-as, a cada passo, na extensão da indústria e do progresso, 2 temos igualmente variados mananciais de força mediúnica, mediante a permuta harmoniosa, consciente ou inconsciente, dos princípios ou correntes mentais, 3 sendo possível observá-los, em nosso caminho, alimentando grandes iniciativas de socorro às necessidades humanas e de expansão cultural.

4 Usinas diversas espalham-se na paisagem terrestre, alentando sistemas de luz e força, na criação do conforto e da atividade, em cidades e vilarejos, campos e estâncias, 5 e associações mediúnicas de vária espécie se multiplicam nos quadros morais do mundo, nutrindo as instituições maiores e menores da Religião e da Ciência, da Filosofia e da Educação, da Arte e do Trabalho, do Consolo e da Caridade, impulsionando a evolução da espiritualidade no Plano físico.


6. FONTES DE FRACO TEOR. — Possuímos, ainda, aquelas fontes de força elétrica, dotadas de fraco teor, nos processos não industriais em que obtemos a eletrização por atrito, ou, por contato, a indução eletrostática e os efeitos diversos, tais como o efeito piezelétrico, vulgarmente empregado na construção de microfones e alto-falantes, peças destinadas à reprodução do som e ao controle de frequência na radiotecnia; o efeito termoelétrico, utilizado na formação dos pirômetros elétricos que facultam a aferição das temperaturas elevadas, e o efeito fotoelétrico, aproveitado em várias espécies de medidores.

2 Em analogia de circunstâncias, assinalamos, em todos os lugares, os mananciais de força mediúnica, a se expressarem por mais fraco teor nos processos não ostensivos de ação, do ponto de vista da evidência pública, pelos quais servidores abnegados do bem conseguem a restauração moral desse ou daquele companheiro rebelde, a cura de certo número de almas doentes, a repetição de avisos edificantes, a assistência especializada a múltiplos tipos de sofrimento, ou a condução enobrecedora do grupo familiar a que se devotam.

3 Em todas as atividades mediúnicas, porém, nas quais a mente demande a construção do bem, sejam elas de grande porte ou de singela apresentação, a importância do trabalho a realizar e a luz da Vida Superior são sempre as mesmas, possibilitando ao Espírito a faculdade de falar ao Espírito na obra incessante de aperfeiçoamento e sublimação.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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