O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Luz bendita — Emmanuel — Depoimentos diversos


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Garcia Júnior

Escritor e Historiador Brasileiro. Crônica inserida na secção de “Contrastes e Confrontos”, em edição do Correio da Noite, de 18 de julho de 1944.


“…outros escritores desaparecidos deste mundo, mas que, graças, então, à habilidade e até mesmo certa inteligência do moço mineiro, continuam a andar tão vivos nas páginas que ele alinhava publicamente, para quem quiser ver, como qualquer um de nós outros que, aqui em baixo, ainda esprememos diariamente o miolo do crânio para ter com que comprar a noite miolo de pão! Ora, admitida que fosse a hipótese de o Chico Xavier poder imitar de modo mais amplo a Pedro Rabelo, que se atreveu a copiar a forma de estilo de Machado de Assis, mas tão somente em meia dúzia de páginas, então, convenhamos, o caso muda de figura. E muda, sobretudo, porque, ao contrário do incorrigível boêmio que se deu ao trabalho de escrever à maneira do criador de “Quincas Borba” à la manière de… como tinha feito alguém na França — o nosso Chico Xavier, dada a obra já produzida, está desde já a merecer a glorificação de gênio…

De resto, subsiste uma circunstância que mais servirá ainda para exaltá-lo aos que insistem teimosamente na ideia do, pasticho: é que o Chico Xavier trabalha a sua obra diante de quem quer que o deseje ver: basta apenas que lhe ponham à frente dos olhos algumas laudas de papel e um lápis, tal como o viu Agripino Grieco, faz alguns anos, lá mesmo em Pedro Leopoldo! … Acresce outro detalhe sobremaneira relevante: se se trata de um pastichador (extraordinário, que é esse Chico Xavier!), como pode ele escrever à maneira não só do saudoso autor de “Carvalhos e Roseiras”, como também dentro do estilo inimitável de Augusto dos Anjos, de Eça de Queirós? Será que ele guarda o próprio Diabo dentro do corpo? Entretanto, como mudaria certamente o quadro, se todos nós crédulos ou incrédulos — nos dispuséssemos a pensar um segundo acerca das coisas sobrenaturais! Se refletíssemos, por exemplo, sobre aqueles dois versos famosos que nos foram deixados pelo imortal cantor dos “Lusíadas”, e que retratam a dúvida que o atormentava:

“Uma verdade que rias coisas anda

Que mora no visível e no invisível.”

…Como quer que seja, o que se não pode por em dúvida é que, se o Chico Xavier tivesse realmente capacidade para produziras duas dezenas de obras que já saíram de suas mãos de médium, bem que ele não precisaria ser o moço humilde que começou a vida como caixeiro de armazém e que só há pouco é um modesto funcionário da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais… Bastaria que o Chico Xavier viesse aqui para o Rio; mudasse o seu indumento de pobre, para uns bons temos de cavalheiro abastado, e entrasse a frequentar as rodas intelectuais. Com talento para produzir o que já lhe passou pelo lápis, psicograficamente, ele hoje poderia ufanar-se de ser um dos maiores escritores do Brasil…” (Garcia Júnior — Psicografia Ante os Tribunais)


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