O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Luz bendita — Emmanuel — Depoimentos diversos


55


Delfino da Costa Machado

Crônica feita pelo médico Delfino da Costa Machado, Pediatra Psiquiatra e Professor de Histologia e Embriologia no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás.


UMA CRÔNICA PARA CHICO


Francisco Cândido Xavier, Chico Xavier — mais de cinquenta anos ininterruptos de psicografia.

Mediunidade não deve ser luxo e nem moda, mas serviço a bem das criaturas. O médium deve comportar-se como um círio aceso que consome para fazer luz nos caminhos do próximo. Isso foi o que Francisco Cândido Xavier sempre fez.


“Reconhece-se a evolução de uma alma pelo número de almas que ela influencia beneficamente” ou também pela sua capacidade de amar e não pelos seus valores materiais ou intelectuais.

“Oh! Bendito o que semeia

Livros… livros a mão-cheia…

E manda o povo pensar!

O livro caindo n’alma

É germe — que faz a palma

É chuva — que faz o mar.”

Nos tempos modernos, a ninguém se aplicariam melhor essas palavras que a Chico Xavier e a Emmanuel.

Quando nos reportamos a Emmanuel queremos nos referir a toda essa equipe de irmãos abnegados da espiritualidade, que toma parte nas tarefas mediúnicas de Chico Xavier. Lembramo-nos também de todos aqueles que estiveram ao seu lado, participando do seu trabalho abençoado. As tarefas são de equipe.

Oito de Julho de 1977. Há cinquenta anos Chico Xavier começava a psicografar na pequena cidade mineira de Pedro Leopoldo, no Centro Espírita Luiz Gonzaga.

Cinquenta anos ininterruptos de psicografia. Meio século, uma existência.

Benditas essas mãos de semeador da luz, de semeador do verbo sob a forma de páginas e de livros.

“Aquele que semeia a sua semente saiu a semear… ( † ) A semente é a palavra de Deus.”

Chico não semeia sem sair. Sai a semear, o que é mais laborioso.

Cinquenta anos na tarefa abençoada de fazer claridade nos caminhos de nossa vida, consumindo-se a si mesmo como um círio aceso, para que vejamos o caminho.

Cinquenta anos de labor fecundo que são mais de um século de trabalho incessante, porque o tarefeiro do Senhor não conheceu noites de repouso. Trabalhou sem cessar. Ouviu e compreendeu as palavras do Mestre: “meu Pai trabalha desde toda a Eternidade e eu trabalho também”. Trabalhou servindo e serviu amando.

Que homem estranho é esse Chico Xavier. Poderia alguém pensar: “Ele não é estranho; nós é que o somos…”

Pelos seus dons mediúnicos foi chamado o homem psi, sensitivo paranormal, sensitivo ESP, mas ele se considera simplesmente um médium psicógrafo. Tudo mais simples, como nos ensina a Doutrina Espírita.

Observando a vida laboriosa de Chico Xavier nos domínios da mediunidade, vemos que ele se entregou a um autêntico processo de iniciação nos mistérios profundos da vida. Ele é um iniciado ou uma alma entregue à iniciação. Podemos ver isso nas suas próprias palavras: “Compreendo, desse modo, que mediunidade com Jesus para mim tem sido um encontro progressivo e constante comigo mesmo, em que a luz dos Amigos Espirituais me mostra, sem violência, quanto preciso ainda aprender e trabalhar para melhorar-me.”

Iniciação não é condicionamento mental e nem prática de ritos estereotipados, mas é autoconhecimento e trabalho — serviço ou seja, trabalho em favor do próximo.

Para nós, Chico Xavier é o iniciado dos tempos modernos que buscou a sua iniciação não em Himaláias, mas na planície e até no vale dos sofrimentos dos seus irmãos. Viver nas solidões, nos ermos, longe dos problemas humanos, em meditação, é até agradável. Abandonar o mundo para viver para si, não é renuncia. Renúncia é doar-se em benefício do mundo.

Chico Xavier conviveu e convive com os sofrimentos humanos, com todos os seus problemas, para levá-los aos Espíritos e trazer as respostas do Além. Através das suas mãos abençoadas nos chegou e nos tem chegado a mensagem que nos esclarece e nos anima.

Quantos se tem reerguido para vida renovada a uma palavra sua, a uma mensagem que veicula, a sua presença. Não devemos endeusar os homens, mas também não devemos profanizar os iniciados. Devemos buscar a estes a fim de que sua luz nos banhe.

Há quem pense que Chico Xavier não tenha nem cultura intelectual nem espiritual. Isso não alterará a vida do médium. Longe dele está de sujeitar-se às opiniões. Ele não precisa das nossas opiniões, mas nós precisamos das lições que nos transmite dos espíritos e das que ele é detentor. Ele tem não apenas cultura, mas também sabedoria. Esta chegou ao ponto dele ser humilde.

Muitos não entendem a humildade de Chico Xavier acham até que ele não seja sincero. Ele se fez humilde, conscientemente humilde. Tinha de ser assim, para que pudesse desempenhar a sua missão — a de médium fiel. Tinha de ser assim para que as mensagens dos Espíritos não sofressem influência da sua personalidade. Empreendeu a sua tarefa canal e para bem desempenhá-la desobstruiu-se, fez isso voluntária e conscientemente: “costumo dizer que devo ter o apelido de Chico, em meu nome individual, para lembrar-me de que a minha posição é realmente a posição de criatura que de si própria nada vale, ou pouco vale”.

“Compreendo a tarefa dos Espíritos, por meu intermédio, assim como se eu fosse um arbusto de qualidade muito inferior e o jardineiro ou o floricultor interferisse trazendo, por exemplo, sobre mim, num fenômeno de exertia uma árvore de natureza superior para que essa árvore produza frutos dos quais essa mesma árvore nobre seja mensageira.”

Receba hoje, dileto irmão e benfeitor, as nossas modestas vibrações da mais sincera gratidão pelo que nos tem doado do seu coração generoso e que o Senhor da Vida o recompense e lhe dê forças para prosseguimento da sua semeadura de luz no solo dos corações adubados pelas lágrimas. (O Popular — Goiânia — 17.7.1977)


Abrir