O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Encontros no tempo — Autores diversos


3 n


Questões da atualidade

(Sumário)

Meio século de mediunidade

1 — Caro Chico, olhando para trás, como você se sente depois de meio século dedicado à mediunidade, na Doutrina Espírita?

R — Sinceramente, reconheço que cinquenta anos é tempo estreito para o trabalho mediúnico no qual sempre encontrei e sempre encontro imenso reconforto e profunda alegria.


Livros-filhos

2 — Por que é que você considera os cento e cinquenta livros de sua lavra mediúnica como sendo seus filhos?

R — Sempre considerei que qualquer tarefa guarda afinidade inextinguível com quem a realiza. Uma casa, por exemplo, é filha do engenheiro que lhe deu forma. Determinada utilidade nasce da mente que a inventou, embora reconheçamos que a inspiração dos Planos Superiores está presente em toda realização edificante. Penso, deste modo, que o livro mediúnico está ligado, não só ao Espírito amigo que o escreveu, mas também ao médium que lhe emprestou o concurso para que as páginas espirituais viessem à luz.


Tristeza e alegria pessoal

3 — Chico, no arquivo de suas recordações, qual é o episódio que lhe traz tristeza e o que lhe dá mais alegria?

R — Se tenho algum pensamento de tristeza é o de não ter aproveitado convenientemente, em cinquenta anos consecutivos de trabalho mediúnico, tantos ensinamentos nobres, quais os que têm passado por minhas mãos. E o episódio que me causa mais alegria é o de haver conhecido a Doutrina Espírita, que tanta proteção e amparo me dispensa, auxiliando-me a compreender os meus próprios erros ou a reduzi-los.


Aos médiuns iniciantes

4 — Depois de cinquenta anos na mediunidade, o que você teria a dizer aos médiuns iniciantes?

R — Que, apesar das fraquezas e imperfeições que ainda carregamos, na condição de Espíritos reencarnados, trabalhar com os Bons Espíritos, estudando e servindo, é sempre o melhor meio de sustentar-nos em atividade, seja em nossos grupos particulares ou seja em nossas instituições.


Animismo

5 — Qual a receita que você apontaria contra o animismo?

R — Aprendi com o nosso abnegado Emmanuel que o médium é também um Espírito necessitado de socorro e de orientação. Desse modo, se o chamado animismo aparece em determinado grupo, devemos atender ao companheiro ou à companheira, envolvidos no assunto, com o mesmo carinho e atenção que dispensamos comumente ao Espírito desencarnado, quando no intercâmbio conosco.


Receita da felicidade

6 — Qual o caminho mais fácil para alcançar-se à felicidade?

R — Caro amigo, o caminho da felicidade, bem sei qual é. É o caminho que Jesus nos apontou, ensinando-nos a “amar o próximo, tal qual Ele mesmo nos ama e nos amou”. ( † ) Difícil para mim é andar no caminho da felicidade, embora eu saiba que o mapa está no Evangelho do Senhor…


Dor e esforço

7 — Chico, por que o homem sofre?

R — Acreditamos que o homem dramatiza talvez demais o problema da dor, porque nada de bom se adquire sem esforço. E todo esforço, seja para aprender ou reaprender, edificar ou reedificar, exige sofrimento. Creio que o sofrimento é uma necessidade inarredável da evolução e do aprimoramento que nos cabe realizar.


Esmolas

8 — Quando é que a esmola deixa de auxiliar e passa a prejudicar os que dela necessitam?

R — Penso que a esmola nunca prejudica, porque a alegria de auxiliar é sempre maior que a alegria de receber. Neste assunto, creio que as facilidades excessivas para quem não se preparou convenientemente para recebê-las, em real proveito de si mesmo ou em proveito dos outros, é que gera muitos desequilíbrios que poderiam talvez, ser evitados.


A conquista da fé

9 — Inegavelmente, a fé é uma das conquistas mais difíceis para o Espírito. Como torná-la menos penosa?

R — A conquista da fé, a nosso ver, se faz menos penosa, quando resolvemos ser fiéis, por nós mesmos, às disciplinas decorrentes dos compromissos que assumimos.


Mediunidade: obstáculos

10 — Chico, qual o obstáculo mais difícil a vencer na mediunidade?

R — Os obstáculos mais difíceis ao desenvolvimento da mediunidade estão sempre em nós mesmos. Quando deixamos o trabalho mediúnico para entregar-nos a tipos de atividade inconveniente, estamos habitualmente cedendo às tentações que ainda trazemos em nós mesmos, constantes das tendências inferiores que ainda remanescem, dentro de nós, em nos referindo à herança pessoal que trazemos de existências passadas.


Parapsicologia e Espiritismo

11 — A Parapsicologia surgiu para auxiliar ou para destruir o Espiritismo?

R — A Parapsicologia, como ciência pura, sem propósitos de agir dogmaticamente, a serviço dessa ou daquela religião, é sempre uma atividade valiosa, capaz de acordar as inteligências sinceras para as realidades da Doutrina Espírita.


Experiência mediúnica

12 — Como médium, qual foi a sua maior experiência?

R — O trabalho com os Espíritos Amigos ainda e sempre é a minha maior experiência em mediunidade, porque, diariamente, eles nos trazem novas lições.


Atendimento espírita ideal

13 — Chico, desde 1927 que você tem acompanhado a evolução do Espiritismo no Brasil, e ninguém melhor do que você tem percebido a grande afluência de pessoas às nossas casas espíritas. A que atribuir sedenta procura? Como nós, os espíritas, devemos preparar-nos para dar-lhes o que buscam?

R — Desde muito tempo, o nosso caro Emmanuel nos fala dessa necessidade de preparar-nos pelo estudo e pelo trabalho, a fim de atender às necessidades espirituais, sempre maiores no campo humano. Se cada companheiro de Doutrina Espírita produzir o melhor que pode em favor dos irmãos necessitados de esclarecimentos e paz, estaremos caminhando para o atendimento ideal, em nossas casas de fé.


Mediunidade consciente e inconsciente

14 — Chico, você prefere funcionar como médium consciente ou inconsciente? Por quê?

R — Em meu caso pessoal, depois de muito tempo de trabalho, os Benfeitores Espirituais é que decidem. Para mim, porém, prefiro trabalhar na condição de médium responsável pela manifestação da qual, porventura, venha a ser instrumento.


Inspiração e intuição: limites

15 — Onde termina a inspiração e começa a intuição?

R — Não tenho uma noção exata do ponto de interação de uma e de outra. Chego a pensar que a intuição é a inspiração quando cresce, induzindo-nos a sentir, pensar e fazer, conforme as nossas próprias obrigações.



[5] Transcrita do jornal A Flama Espírita, Uberaba/MG, de 25 de junho de 1977, intitulada: “A Flama Espírita entrevista Francisco Cândido Xavier”.


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