O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Claramente vivos — Familiares diversos


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No sem-fim do amor imperecível

1 Adele, n querida esposa, rogo a Jesus nos abençoe.

2 Tenho no coração nossos filhos queridos, beijando todos eles em nossa Elisabeth n e reunindo-os em você, querida companheira, para render graças a Deus pela oportunidade de escrever esta carta nesta reunião de alegria e reconhecimento, saudade e esperança.

3 Venho pedir a sua serenidade, ante as nossas dificuldades do momento. 4 Creia, por mais nos preparemos, através de nossas ideias de fé e sobrevivência, a desencarnação é um campo de surpresas que por enquanto, ao que suponho, os amigos recentemente liberados do corpo físico, assim qual me sucede, não saberão definir.

5 Sinto-me ainda depois de agosto, n nas inquietações naturais do esposo e do pai que se vê retirado compulsoriamente do ninho familiar, sem a preparação necessária.

6 Alguém dirá que a nossa Doutrina de luz e de amor é suficiente para habilitar-nos à chamada passagem de uma vida para outra, sem qualquer choque ou depressão das forças mais íntimas.

7 Imagino que isso acontecerá com aqueles que longos dias de recolhimento no leito se lhes erguem por tempo de obrigação para pensar e repensar no fenômeno da Grande Mudança.

8 Entretanto, em meu caso, qual ocorre, no problema de tantos outros amigos, a alteração brusca e violenta me trouxe uma certa insegurança que, aos poucos, vou transpondo com as escoras da crença que Jesus nos instalou por dentro da alma.

9 Não comunico semelhante estado de alma ao seu coração afetuoso, no intuito de agravar ainda mais o sofrimento moral em que a vi nos primeiros dias em que sucederam à minha volta, e sim para agradecer as suas preces com as filhinhas e com o nosso André Luiz, n por minha tranquilidade.

10 Acordei no próprio lar, antes de ser conduzido à organização de refazimento espiritual em que me encontro.

11 Minha mãe, a mamãe Branca, n e outros amigos, velavam por minha paz e, em meu despertamento, ela própria, a mãezinha, conquanto desencarnada poucos meses antes de mim, me acolheu, no regaço, como se eu ainda lhe fosse a criança necessitada de compreensão e de apoio, e a mostrar-me você com os filhos orando por minha paz, me notificou que os nossos hábitos da meditação e da prece n eram, àquela hora, frutos de amor que vocês me ofereciam.

12 Naturalmente que as nossas lágrimas — as suas lágrimas e as minhas — se misturavam na mesma luz de esperança e conformação e tão somente aí, nesse ângulo da separação é que pude avaliar a importância da oração e da confiança em Deus, cultivadas sob o teto familiar.

13 Desde então, esforço-me para me habituar ao trabalho de readaptação à vida espiritual em que presentemente me encontro.

14 Creia que isso não é fácil, especialmente quando deixamos a companheira com os filhos menores requisitando assistência e orientação, mas esteja igualmente convencida de que encontro em sua fé e em sua coragem a força de que preciso para reerguer-me por dentro de mim próprio, de maneira a reformar-me inteiramente para o trabalho do bem.

15 Sei que amigos nossos não nos abandonaram no momento justo em que mais nos preocupávamos com respeito à continuidade de nossa manutenção doméstica, e sou grato a todos eles, os que nos auxiliaram com as documentações imprescindíveis à sustentação dos nossos recursos de subsistência.

16 E abraço os amigos de Belo Horizonte, aqui presentes e aqueles outros que não se encontram em nossa assembleia de fraternidade desta hora, por todas as bênçãos de conhecimentos e de amparo com que pavimentaram o caminho para a minha própria recuperação espiritual.

17 Além de minha mãe, sempre abnegada e sempre solícita, outros corações amigos me reconfortam para nova caminhada que me cabe empreender.

18 Os nossos amigos Aires de Oliveira e Fenelon Barbosa n ainda são para mim apoios de base e denodados irmãos que me antecederam aqui, me estendem braços fortes e acolhedores para que as energias não me faltem.

19 Querida Adele, a nossa Elisabeth, a nossa Elaine, n a nossa Eliete n e o nosso André Luiz estão protegidos por Deus e por seu carinho de mãe, e a certeza disso me reconforta. 20 Continue, querida, auxiliando-me com as suas preces e com as suas vibrações de paz e amor.

21 Espero para muito breve a retomada de meus deveres e o seu apoio é por demais expressivo para mim, para que não esqueça de solicitar aos seus cuidados essa bênção em meu favor.

22 Continue construindo em nossos filhos queridos a certeza da sobrevivência e a responsabilidade de viver nas quais, na Terra, devemos caminhar integrados a fim de atendermos com segurança as nossas próprias obrigações.

23 Quatro filhos são quatro canteiros de amor que podemos cultivar para Deus no campo da vida. n Não te assustes com as dificuldades que porventura venham a surgir nas estradas que o Senhor nos determina percorrer.

24 Por agora, ainda me sinto menos ágil e mais seguro para resguardar a assistência mais imediata de que você necessita, mas possuímos excelentes benfeitores que nunca nos abandonaram e que prosseguem nos amparando a você, aí na Terra Física, e a mim mesmo, na Espiritualidade.

25 Prometo, porém, ao seu carinho, que muito em breve, estarei de novo nos encargos familiares e com os recursos indispensáveis para garantir-lhes o apoio possível a um esposo e a um pai que sobretudo confia em Deus. 26 De saudades e esperanças, receba com os nossos filhos queridos vastas porções das esperanças e das saudades que trago em mim mesmo.

27 O tempo, qual acontece nesta noite, se transfere de um a outro numericamente no calendário, mas no sem-fim do amor imperecível, estaremos sempre juntos.

28 Os dias para nós, a quem a Bondade de Deus uniu com tantas bênçãos, se resumem no Dia Imortal da confiança recíproca, em que os corações irmanados uns aos outros se reconhecem unidos no amor para sempre. Muito carinho às meninas e ao nosso André Luiz.

29 Agradecimentos aos amigos todos que me possibilitaram estas notícias aqui congregados na prece, e para você, querida Esposa e Companheira de todos os dias, o afeto inalterável com todo o coração do seu velho companheiro e amigo que lhe segue os pensamentos e que estará sempre de pensamento consagrado à sua paz e à sua felicidade.

30 Sempre seu

Nysio

Nysio Castanheira Cardoso n


LÁGRIMAS MISTURADAS NA MESMA LUZ


Na manhã de 5 de maio de 1979, entrevistamos a Sra. Adele Garbelotto Cardoso, em sua residência, na Capital do Estado de Minas Gerais.

Desse encontro, resultou o presente capítulo que estuda a belíssima página recebida pelo médium Xavier, no “Lar Espírita Lindonfo José Ferreira”, em Pedro Leopoldo, Minas, a 31 de dezembro de 1978, a que demos o título de “No Sem-fim do Amor Imperecível”.


1 — Adele: “Não se trata de Adélia, nome comum” — diz-nos a entrevistada. E acrescenta: “Para mim, que nunca havia chegado perto do médium Xavier, este é um importante elemento de identidade do meu marido que, aliás, escrevia muito bem.”


2 — Elisabeth: Com “s”, observa D. Adele. Trata-se da segunda filha do casal, Elisabeth Cardoso.


3 — Depois de agosto: O médium desconhecia tudo que se referia ao casal Nysio-Adele, conquanto ela sempre tivesse vontade de encontrar-se com o Chico, apesar de católica, quando jovem, tendo sido filha de Maria. Ele, Sr. Nysio, fora espírita desde que nasceu, no atual período reencarnatório. Desencarnara em consequência de acidente vascular cerebral — lesão cerebelar, inoperável. Era diabético, “ainda moço e forte”. Coronel do Exército, reformado, e engenheiro do Ministério do Interior, estava alegre, quando foi acometido do mal-estar súbito, limitando-se a afirmar: “Meu Deus, que tontura!”. Dono de vasta cultura, foi espírita convicto, e um dos fundadores do Centro Espírita Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, em 1975, com sede à Rua Argemiro Peixoto, 346, na cidade de Pirapora, Estado de Minas Gerais.


4 — Nosso André Luiz: Filho caçula, atualmente com 17 anos de idade.


5 — Minha mãe, a mamãe Branca: Trata-se de D. Branca Rosa Ferreira da Silva, desencarnada a 2 de fevereiro de 1978. “Minha mãe, a mamãe Branca”, porque o comunicante fora criado pela vovó Neném.


6 — “Os nossos hábitos da meditação e da prece”: Com efeito, D. Adele e os filhos não deixaram de fazer o Culto Evangélico no Lar, habitual, aos domingos, às 9:00 horas. Sr. Nysio desencarnara à uma hora da madrugada e viria a ser conduzido à necrópole, às 13 horas.


7 — Aires de Oliveira e Fenelon Barbosa: Pedimos vênia ao leitor para transcrever, na íntegra, o rascunho da carta que a Sra. Adele enviou ao médium Xavier, tão logo retornou de Pedro Leopoldo com a mensagem do marido:


“Caro Chico Xavier,

Há dez anos, procurava, sem sucesso, aproximar-me de você. Nos últimos anos, meu marido ria-se dos nossos desencontros.

Finalmente, graças à generosidade do Dr. Eurípedes, consegui falar-lhe, embora em circunstâncias bastante dolorosas para mim. Esposamos a mesma doutrina de Jesus e sabemos que o acaso não existe.

No último dia 31 de dezembro, fui privilegiada com uma mensagem de meu esposo, desencarnado no dia 19 de agosto passado.

Tenho que confessar que nela ele mencionava nomes de pessoas que me eram completamente estranhas, o que me fez pensar num possível engano. Mas qual não foi a minha surpresa, ao conversar com as tias Alzira e Rosina (tias favoritas de meu marido), e descobrir que as pessoas mencionadas, não só realmente eram amigas, como também participavam das sessões de mesa, feitas pela avó do Nysio (D. Neném).

O Dr. Aires de Oliveira era o guia da sessão, tendo Dª. Neném, em sua homenagem, posto num dos filhos, o seu nome. O Sr. Fenelon Barbosa era tio de uma velha amiga da família, também já desencarnada.

Assim, Chico, mais uma vez ficou provada a veracidade de nossa Doutrina.

Quero agradecer-lhe e aos irmãos espirituais, que me presentearam com este consolo.

Envio o xerox da carta, a fim de que você possa fazer o uso que melhor lhe aprouver, seja publicando, lendo ou arquivando-a. Um grande abraço a você e ao Dr. Eurípedes.

Meus sinceros agradecimentos e, por favor, lembre-se em suas preces do meu querido Nysio C. Cardoso.

Deus o abençoe.

Adele.”


8 — Elaine: É professora de Inglês, residente no Rio, e sempre foi assim chamada — Elaine — pelos alunos. Na realidade, ela se chama Eliane Anderson, e é a filha primogênita do casal. A nosso ver, um elemento comprobatório de muita importância, uma vez que o comunicante sempre a chamava como se fosse um dos seus alunos.


9 — Eliete: A mais jovem das filhas, presente à nossa entrevista. Diz-nos ela que o pai, poucos dias antes de adoecer, chegou a dizer-lhe: “Aproveita o seu pai, Eliete, porque eu estarei aqui por pouco tempo.” Todos os que estavam perto, reagiram, energicamente, à frase profética do chefe da equipe familiar.


10 — “Quatro filhos são quatro canteiros de amor que podemos cultivar para Deus no campo da vida.” — Eliane, Elisabeth, Eliete e André Luiz. O nome André Luiz foi sugerido ao Sr. Nysio por sua amiga, Dra. Gessy Vieira, que viria, tempos depois de sua própria desencarnação, confortá-lo, através de uma mensagem mediúnica, em Pirapora, quando ele perdera o olho direito, e se encontrava profundamente deprimido.


11 — Nysio Castanheira Cardoso — Nasceu em Cataguases, Estado de Minas Gerais, a 3 de maio de 1918, e desencarnou em Belo Horizonte, a 19 de agosto de 1978. Em 1972, do Rio foi transferido para a cidade de Pirapora, exercendo a chefia da Segunda Agência da então SUVALE (hoje, CODEVASF), do Ministério do Interior. Dona Adele acha que a mensagem foi um presente para a filha Elisabeth, aniversariante a 6 de janeiro, já que esta segurava o pulso do pai, lendo “Os Mensageiros”, de André Luiz, através do médium Francisco Cândido Xavier, quando ele se despediu deste mundo.


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