O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Chico Xavier pede licença — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


18


Trabalho e evolução

Emmanuel


1 Sempre que tentados a desertar de servir, alegando falhas e imperfeições, convém observar as lições lógicas da Natureza que encontra no trabalho o seu próprio caminho de evolução e aprimoramento.

  2 Se a semente desistisse de germinar, à face do claustro de barro que a constrange, não forneceria o fruto que alimenta o homem e, tanto melhor produz, mais atenção recebe do pomicultor.

  3 Se a roseira deliberasse reter as próprias flores em virtude dos espinhos que se lhe encravaram no corpo, não daria as rosas que embelezam a vida e, tanto melhor produz, mais amplo cuidado recebe do jardineiro.

  4 Se a fonte recusasse beneficiar o solo, porque seja obrigada a transitar sobre o leito de pedra e lama…

  5 Se o metal resolvesse frustrar a sua própria utilidade para não suportar o cadinho fervente…

  6 Se o animal teimasse indefinidamente em recusar a própria domesticação, alegando a extrema agressividade em que ainda se vê…


7 E assim por diante, todos nós os espíritos encarnados e desencarnados, em desenvolvimento na Terra, nos achamos, por agora, muito longe da condição de angelitude, enquanto que os elementos outros da natureza se encontram ainda infinitamente distantes da condição humana.

8 Sem dúvida, por dispormos da razão, temos o dever de melhorar-nos constantemente, mas não nos será lícito alegar defeitos e insipiência para fugir à colaboração no levantamento do bem de todos, de vez que é justamente pelo proveito de nossa vida que somos observados ou valorizados na Vida Superior.

9 Amemos, assim, em nosso próprio trabalho, o dissolvente de toda sombra que ainda se nos agregue aos domínios da alma. 10 E estejamos convencidos de que, em todos os distritos do Universo, a perfeição é a finalidade para todas as criaturas e para todas as coisas. Entretanto, para a necessária consecução disso, o trabalho é o processo imprescindível.


Sucessão das coisas e dos seres


Irmão Saulo


O trabalho é o propulsor da evolução. Tudo trabalha, diz Emmanuel. Em “O Livro dos Espíritos” encontramos a lei do trabalho que mereceu um capítulo especial, e a tese é a mesma dessa sua mensagem. Em correlação com a Doutrina Espírita podemos encontrar várias teorias filosóficas. Lembremo-nos de Bergson e a teoria do elã vital. A vida infiltrando-se na matéria, dominando-a e criando as coisas e os seres. Mas lembremo-nos, também, de Dewey e a sua teoria da experiência universal. Tudo é experiência, pois há um princípio vital em todas as coisas da Natureza. A própria dialética de Hegel e sua derivação materialista correspondem à teoria espírita do trabalho universal.

Quando Emmanuel estabelece relações entre a semente, a roseira, a fonte, o metal e o animal, não está fazendo apenas comparações ou figuras, mas ilustrando com os exemplos naturais o princípio espírita da evolução. Na pergunta 540 de “O Livro dos Espíritos” encontramos, na resposta dada pelos Espíritos, esta afirmação eloquente: “Tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo até o arcanjo, que também já foi átomo”. E Léon Denis ensinou: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”.

Alguns espíritas não aceitam o conceito de evolução em toda a sua amplitude e procuram por várias formas modificá-lo. Emmanuel nos traz, porém, constantemente, através de suas mensagens, oportunos esclarecimentos a respeito. Somos ainda muito pequeninos para abarcar em nossa visão mental toda a concepção espírita do Universo.

Note-se o tópico da mensagem em questão no qual ele nos coloca em ascensão da condição humana para a angelitude, mas não se esquece de advertir que “os outros elementos da Natureza se encontram, ainda, infinitamente distantes da condição humana”. E é precisamente por causa dessa relação constante das coisas e dos seres que podemos comparar a luta do homem para a transcendência com a luta da semente para germinar.

É tão legítima essa comparação, e ao mesmo tempo tão elucidativa, que o próprio Cristo a usou na pregação da Boa-nova, como vemos na Parábola do Semeador. Somos sementes espirituais, sem dúvida. E como as sementes materiais, temos de trabalhar no seio da matéria para que o plano divino, encerrado em nós, se atualize na germinação e desenvolvimento do nosso Espírito.


Abrir