O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Quem conhece o dia de amanhã?

05/03/1952


1 Meus queridos filhos, Deus abençoe a vocês todos, concedendo-nos muita fortaleza de ânimo para a luta redentora de cada dia.

Meu caro Rômulo, avancemos com os dias, por mais pesados nos pareçam. Em verdade, para quem já atravessou as fronteiras da carne, as dificuldades daí surgem invariavelmente sob novos aspectos, mas integrado com você no seu idealismo edificante de cada dia posso julgar das aflições e das feridas que lhe povoam o tecido sutil da alma.

2 Ainda assim, e embora sabendo que todos os nossos desapontamentos e dores se ajustam à lei das provas, considerando os grilhões que nos prendem ao pretérito remoto e próximo, peço-lhes coragem e esperança. Sei que é fácil receitar quando não somos o necessitado de medicação, contudo, creio que a serenidade será o nosso clima destes dias de tempestade moral. Num plano como a Terra, onde quase tudo se renova de instantânea maneira, às vezes é imprescindível um retrospecto ligeiro, a fim de não nos sentirmos desamparados pela Força da Vida e por nós mesmos.

3 Não estimo olhares ao passado, de modo a não perdermos tempo com o estacionamento improdutivo, entretanto, contra qualquer inquietação angustiosa, lembremo-nos das graças recebidas. Não nos compete fazer o inventário de serviços feitos, mesmo porque quase sempre, quando supomos terminar essa ou aquela obra, na realidade estará ela simplesmente começando. Não podemos, contudo, esquecer que você tem na balança da atualidade uma existência bem iniciada, prodigamente enriquecida por suas mãos e por seu coração com o trabalho incessante e que, sob o ponto de vista da luta de homem, possui você, além do tesouro espiritual de uma companheira extremamente devotada ao seu e ao nosso bem-estar, dois filhos animados dignamente para a vida.

4 Não convém que você veja em Roberto e Wanda dois corações tenros, como se ainda fossem crianças (porque para nós todos os filhos são sempre crianças do coração), mas sim dois companheiros amigos e dedicados ao nosso bem. Compreendo que a essência de sua luta maior é exclusivamente de ordem espiritual e, nesse aspecto, não discordamos de suas considerações, mas, ainda assim, precisamos vestir a couraça da esperança e da fé, ( † ) marchando sempre ao encontro da Vontade Divina.

5 Os desígnios superiores serão sempre insondáveis para aqueles que fazem do tempo um dom do Eterno, que não nos cabe menosprezar, e por isso, não obstante aguardar sempre o melhor com a execução de nossos mais nobres desejos, precisamos vigiar sempre, de maneira a atender os divinos chamados, seja onde for.

6 Se a Providência do Alto convocar sua presença ao Rio, não se acredite sem mandato de trabalho espiritual. Além do nosso culto, que prosseguirá sem alteração, vocês encontrarão portas múltiplas de ação no serviço da luz e da caridade. Não julgue que a sua presença seja dispensável por seus e nossos amigos espirituais na paisagem que nos é tão cara. Se pudéssemos satisfazer ao coração, tomaríamos o lugar de aprendizes na escola do mundo de todos aqueles que amamos para dar as lições mais difíceis da experiência em lugar deles. A vida, porém, pede luta, esforço, renovação e, por vezes, qual acontece às águas de manancial distante, somos compelidos a deslizar como a fonte para beneficiar terras e plantações diferentes.

7 Sinto você num conflito interior de enormes proporções e se me fosse possível aquietaria suas ansiedades de um momento para outro. Contudo, o mapa de nossas realizações vem de longe. Encaremos o labirinto com destemor e sigamos na solução dos enigmas que a atualidade nos propõe.

8 Quem conhece o dia de amanhã? Quem sabe o conteúdo da hora que se aproxima? Nossos maiores sofrimentos decorrem da expectação em torno do que há de vir. ( † )

Se a luta profissional reclama testemunhos mais amplos de humildade e boa vontade de sua parte, peçamos a Deus coragem e cumpramos nosso dever.

9 Há montes além dos montes e os dias se sucedem uns aos outros. Os anos se repetem, mas os acontecimentos diferem. As recapitulações voltam sempre, entretanto, com característicos diversos. Há espinheiros que escondem tesouros e sombras, que velam temporariamente territórios e possibilidades de sublime extensão.

10 Triste é sacrificar no campo das lides humanas ao despeito e à inveja, e duramente cruel é a suposta rendição de nossa alma à frente de inimigos gratuitos, perdidos no cipoal de passageiras ilusões, contudo, nesses quadros negros do mundo somos chamados a fazer as nossas equações.

11 Convictos de que a Bondade Infinita não dorme, a aflição não é a melhor resposta que podemos lançar ao Céu. Peçamos a Deus visão com entendimento, a fim de podermos interpretar os ensinos que as provas educativas da Terra nos trazem. Estejamos certos de que tudo se modifica, tudo se altera no plano das coisas e das situações de natureza material. O único lugar onde podemos realmente garantir nosso próprio equilíbrio é o santuário interior, em cujas profundezas precisamos sustentar os dons de servir que o Senhor nos confiou ao espírito imortal.

12 Muito trabalhamos e adquirimos para estas horas desagradáveis e aparentemente escuras que vamos atravessando. Ergamos, assim, nossos valores para o Alto e continuemos agindo para o bem. Assim me expresso com o objetivo de fortalecer-lhe as energias. Pensamos que tudo é importante no setor de suas tarefas, na esfera de nossa luta construtiva, mas a sua saúde, como expressão instrumental da manifestação de seu espírito, vale sempre mais.

13 O tempo cede ao tempo e sem o propósito de filosofar somos constrangidos pelas circunstâncias a colocar cada pessoa e cada coisa no lugar que lhes é próprio. De fronte erguida e alma levantada nas obrigações bem cumpridas, você não tem nódoa em suas mãos e em suas manifestações. Que fortuna haverá maior que a sua, na intimidade do espírito tranquilo, nos tempos obscuros que vamos varando, com esforço, na contemplação do mercado das consciências? Procuremos descansar as células físicas no sono calmo, confiando em mais altos poderes. É indispensável certa dose de indiferença para manter a distância os fantasmas da inquietação. Tudo na Terra é um ensaio para a vida real. Ajustemo-nos às leis que nos regem e vivamos as nossas experiências.

14 Sinceramente, muito encontraria a lastimar se encontrasse você “no outro lado” da presente situação, mas, com alegria, sinto-lhe o espírito sem deformação e sem mancha, caminhando na mesma rota do dever bem cumprido, buscando a vanguarda dos bons trabalhadores. Isso, em suma, é o que importa. Quanto ao mais, nossa reunião é inalterável. Continuaremos juntos na mesma sementeira de boa vontade. 15 Esperaremos novas portas à materialização de nossos ideais, trabalhando pelo bem nas regiões a que formos conduzidos. A atitude central do espírito é tudo em ocasiões perturbadas quanto a de agora. Seja a nossa atitude a do servidor fiel, pronto a corresponder ao chamado do Senhor, onde, como e quando ele julgue mais conveniente, com o reconhecimento pelas bênçãos amealhadas, a fim de não parecermos ingratos e confiantes nas bênçãos que virão, de modo a não parecermos insubmissos. Confiemos em Jesus, operando sempre na linha de nossas realizações construtivas e venceremos.

16 As indicações do receitista se dirigem de modo particular ao seu fígado. As preocupações excessivas sobre o órgão referido são como o excesso de carga sobre um motor de resistência reduzida. Não há motivo para receios. Se você continuar firme no controle de suas emoções, a saúde continuará sem qualquer nota discordante. É difícil a sustentação da harmonia sob a tormenta, mas não é impossível. A vitória começa cada dia. Não nos esqueçamos de semelhante verdade.

17 Espero que prossigamos robustos na fé, persistentes na ação, firmes na boa tolerância e perseverantes na paciência. Confiando desse modo em vocês, a fim de continuarmos coesos em nossa tarefa de sempre em nosso agrupamento familiar, deixa-lhes um abraço sempre mais afetuoso o papai e vovô reconhecido que não os esquece,


A. Joviano


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