O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Almas em desfile — Hilário Silva — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 1ª Parte


25

Carolina e Agenor

I


— Não posso mais! Estou resolvida!

— Não diga isso. Fique mais calma. Somos espíritas e…

— Não, Agenor! Não quero mais filhos. Nem esse e nem a possibilidade de outros. Estou decidida.

— Se houvesse realmente necessidade… Mas você está forte, robusta… Isso é meia-morte. Pense bem. Olhe o “deixai vir a mim os pequeninos!…” ( † )

— Não. É muita gente que faz isso, por que não posso fazer? Vou agora ao hospital tratar de meu caso… Estou resolvida.

Assim falando, Carolina ralhou com os três filhos pequenos e deixou a casa, nervosa, acompanhada de Agenor.


II


— Quero falar com o doutor. Ele está?

— Minha senhora, ele está operando agora. Não deve demorar muito.

Nisso, um senhor ao lado pergunta:

— Quem está ele operando? É uma senhora loura?

E o porteiro, respeitoso, respondeu em voz baixa:

— Não, meu senhor. É uma senhora que acaba de chegar perdendo muito sangue. É alguma coisa de aborto. Está passando muito mal.

Agenor olhou significativamente para Carolina…


III


— A senhora loura é sua parenta? — Pergunta Carolina, ao vizinho da poltrona.

— Sim. É minha tia.

— De que se vai operar?

— Ela, minha senhora, desde que perdeu o último filho, está perturbada. Vão fazer uma operação na cabeça dela, para ver se melhora o gênio.

Agenor voltou a olhar expressivamente para Carolina…


IV


Eis que passam dois homens em avental branco, e Carolina, atenta ao movimento em torno, na expectativa de falar ao facultativo, ouviu, de relance:

— As cifras estatísticas de câncer uterino são avultadas, — disse um.

— E aqui, na região, a incidência é grande? Pergunta o outro.

— Muitíssimo. Basta ver que a enfermaria feminina sempre está com três a quatro casos… Agenor, ainda uma vez, olhou incisivamente para Carolina…


V


Carolina levanta-se, resoluta.

Agenor segue.

Vão transpondo a porta principal da casa de saúde, quando o solícito porteiro inquire:

— Não vai esperar, minha senhora?

— Não, meu amigo. O doutor está demorando. Preciso cuidar das crianças. Obrigada. Até logo.

— Então, Calu, em que ficamos? — Pergunta Agenor, ao descer a rampa do hospital.

E Carolina responde:

— Não, Agenor, dos males o menor. Fico assim mesmo…


Hilário Silva


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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