O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VIII — Fevereiro de 1865.

(Idioma francês)

POESIA ESPÍRITA.


Inspiração de um ex-incrédulo a propósito de O Livro dos Espíritos.

Pelo Dr. Niéger.

27 de dezembro de 1864.


Tal aquele que um dia, em naufrágio encontrado,

Nos destroços do barco em desespero, a nado,

Sem força ante a fadiga e a esperança a perder

De a seu país chegar e nunca mais rever,

Lembra-se então de orar, que a fé sua alma afaga;

Quando súbito emerge um clarão sobre a vaga

De uma terra ignorada acesso lhe indicando,

O náufrago cansado, esforços redobrando,

Rapidamente alcança a margem protetora,

E agradecido a Deus antes de tudo ele ora,

Sentindo, assim, que a fé lhe renasce com ardor,

Obedecer-Lhe a lei promete ao Salvador!


Isso eu senti um dia, o vosso livro ao ler,

Senti no coração coragem renascer.

Muito tempo ocupado em buscar os segredos

Da vida corporal que contava nos dedos,

Mas nada de apanhar-lhe as causas e a razão

Que pareciam sempre escapar-me à visão.

Vosso livro ao me abrir mais novos horizontes

Para os trabalhos meus fez surgir outras fontes.

Aí vi que tinha feito errada rota então,

E dúvida não mais, só fé no coração.

De fato, o homem que sai das mãos do Criador,

Não pode ser lançado aqui ao desamor,

Pois uma santa lei por Deus mesmo outorgada,

A reger o Universo inteiro é destinada!

Progresso é o nome seu, para bem a cumprir

Os homens, entre si, procurem se reunir.


Que cenários de luz, que páginas sinceras

Nesse livro que aborda o homem das priscas eras,

Que mostra antes de tudo os primeiros humanos,

Colhendo o bem-estar sem trabalhos insanos!

A guiá-lo da vida a tão belo proscênio,

Somente o instinto, sim! E só mais tarde o gênio.

Do homem nascerá esse fogo sagrado,

E o espírito do bem sempre muito inspirado,

Do demônio vencido as cadeias quebrando

A partir de então irá mais sendas devassando.

Lá, sobre um frágil barco, ousados marinheiros

Afrontam vagalhões quais valentes guerreiros

A lançarem-se ao mar… E vaga antes temida

A desafio tal recua enfim batida.

Além, da águia a imitar o voo audacioso,

Vê-se o homem a ensaiar assalto aos céus, brioso!

Mais longe de um rochedo, em sua audácia incrível,

Na imensidão do céu perscruta o indefinível;

Do Universo sem-fim ele descobre a lei,

E do mundo se faz em breve o único rei!


Nem aí se detém seu incrível ardor:

Em um tubo reter o impalpável vapor,

Que avança então montando esse dragão de fogo;

As mais rudes ações não são mais do que um jogo

Do gênio em tudo a expor sua marcha devida,

Onde reinava a morte ele faz nascer vida.

Parecia que aqui o seu voo ele finda;

Mas inflexível lei lhe exige mais ainda,

E veremos da terra esse senhor então

De uma nuvem espessa arrancar o trovão,

Em dócil instrumento alterar seu furou,

E de um poste fazer humilde servidor!


Limites pois não há para o saber humano.

Para o cosmo fez Deus do homem um soberano;

A ele cabe encontrar por esforços constantes

Do corpo e da alma os bens sublimes e brilhantes.

E que ele descartando a rota assaz batida,

Descortine afinal a luz desconhecida

Já por tão longo tempo oculta ao seu olhar.

Busquemos do progresso o lábaro elevar;

Abordemos e já a trilha e vasta messe

Ao nosso esforço aberta… Ante o amor e ante a prece:

Que normas divinas em nosso pavilhão!

Prossigamos enfim em fraterna união.

Se for preciso um dia em luta sucumbirmos,

Nós rogamos, Senhor, que ao menos ao cairmos

A coragem na fé nossos filhos, assim,

Inspires a cumprir a tua lei, enfim.


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