O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VII — Agosto de 1864.

(Idioma francês)

Suplemento ao capítulo das preces da Imitação do Evangelho.

(Sumário)

1. — Vários assinantes lamentaram não ter encontrado, em nossa Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, uma prece especial da manhã e da noite, para uso habitual.

Faremos notar que as preces contidas nessa obra não constituem um formulário que, para ser completo, deveria encerrar um número bem maior. Elas fazem parte das comunicações dadas pelos Espíritos; nós as reunimos no capítulo consagrado ao exame da prece, como agregamos a cada um dos outros capítulos as comunicações que lhes diziam respeito. Omitindo intencionalmente as da manhã e da noite, quisemos evitar que nossa obra tivesse um caráter litúrgico, razão por que nos limitamos às que têm relação mais direta com o Espiritismo, de modo que cada um poderá encontrar as outras entre as de seu culto particular. Todavia, para anuir ao desejo que nos é expresso, damos a seguir a que nos parece responder melhor ao objetivo que se propõe. Contudo a faremos preceder de algumas observações, para que melhor se compreenda o seu alcance.


2. — Na Imitação, nº 274, ressaltamos a necessidade das preces inteligíveis. Aquele que ora sem compreender o que diz, habitua-se a ligar mais valor às palavras do que aos pensamentos; para ele as palavras é que são eficazes, mesmo que o coração em nada tome parte. Assim, muitos se julgam desobrigados depois de recitarem algumas palavras que os dispensam de se reformarem. É fazer da Divindade uma ideia estranha acreditar que ela se deixe pagar por palavras em vez de atos, que atestam uma melhora moral.

Eis, a respeito, a opinião de São Paulo:

“Se eu, pois, ignorar a significação da voz, serei estrangeiro para aquele que fala; e ele, estrangeiro para mim. – Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. – E se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação de graças, visto que não entende o que dizes. – Porque tu, de fato, dás bem as graças, mas o outro não é edificado.” (São Paulo, 1ª Epístola aos Coríntios, capítulo 14, versículos, 11, 14, 16 e 17.)

É impossível condenar de maneira mais formal e mais lógica o uso das preces ininteligíveis. É de admirar-se que se haja levado em tão pouca conta a autoridade de São Paulo sobre este ponto, quando, sobre outros, é tantas vezes invocada. Outro tanto se poderia dizer da maioria dos escritores sacros, considerados como luzes da Igreja, cujos preceitos estão longe de ser postos em prática.

Uma condição essencial da prece é, pois, segundo São Paulo, ser inteligível, a fim de que possa falar ao nosso espírito. Para isto não basta que seja dita em língua compreensível para aquele que ora; há preces em língua vulgar que não dizem muito mais ao pensamento do que se o fossem em língua estranha, e que, por isso mesmo, não vão ao coração; as raras ideias que encerram muitas vezes são abafadas pela superabundância de palavras e pelo misticismo da linguagem.

A principal qualidade da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que não passam de falsos adereços; cada palavra deve ter o seu alcance, despertar um pensamento, agitar uma fibra; numa palavra, deve fazer refletir; só com esta condição a prece pode atingir o seu objetivo, do contrário não passa de ruído. Observai, também, com que ar distraído e com que volubilidade elas são ditas na maior parte do tempo. Veem-se os lábios se movendo, mas, pela expressão da fisionomia e pelo tom da voz se reconhece um ato maquinal, puramente exterior, ao qual a alma fica indiferente.

O mais perfeito modelo de concisão em matéria de prece é, indubitavelmente, a Oração dominical, verdadeira obra-prima de sublimidade na sua simplicidade; sob a mais restrita forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Contudo, em razão de sua própria brevidade, o sentido profundo, encerrado nas poucas palavras de que se compõe, escapa à maioria; os comentários feitos a respeito nem sempre estão presentes à memória, ou, mesmo, são desconhecidos pela maioria. Eis por que geralmente a dizem sem digerir o pensamento sobre as aplicações de cada uma de suas partes. Dizem-na como uma fórmula, cuja eficácia é proporcional ao número de vezes que é repetida. [Vide Mateus.] Ora, é quase sempre um dos números cabalísticos três, sete ou nove, tirados da antiga crença na virtude dos números, e ainda em uso nas operações de magia. Pensai ou não no que dizeis, mas repeti a prece tantas vezes, que isto basta. Enquanto o Espiritismo repele expressamente toda eficácia atribuída às palavras, aos sinais e às fórmulas, a Igreja se intromete indevidamente ao acusá-lo de ressuscitar as velhas crenças supersticiosas.


3. — Todas as religiões antigas e pagãs tiveram sua língua sagrada, língua misteriosa, inteligível apenas aos iniciados, mas cujo sentido verdadeiro era oculto ao vulgo, que a respeitava tanto mais quanto menos a compreendia. Isto podia ser aceito na época da infância intelectual das massas; mas hoje, que estão espiritualmente emancipadas, as línguas místicas não têm mais razão de ser e constituem um anacronismo; querem ver tão claro nas coisas da religião quanto nas da vida civil; não se pede mais para crer e orar, mas se quer saber por que se crê e o que se pede orando.

O latim, de uso habitual nos primeiros tempos do Cristianismo, tornou-se para a Igreja a língua sagrada, e é por um resquício do antigo prestígio ligado a essas línguas, que a maioria dos que não o sabem recitam a oração dominical nessa língua, em vez de na sua própria. Dir-se-ia que ligam a isto tanto mais virtude quanto menos a compreendem. Por certo, não foi essa a intenção de Jesus quando a ditou, e tal não foi, igualmente, a de São Paulo, quando disse: “Se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera.”  (1Cor) Ainda se, por falta de inteligência, o coração orasse sempre, haveria apenas um mal menor; infelizmente, muitas vezes o coração não ora mais que o espírito. Se o coração realmente orasse, não se veria tanta gente, entre os que rezam muito, aproveitar tão pouco, não ser nem mais benevolente, nem mais caridosa, nem menos maledicente para com o próximo.


4. — Feita esta ressalva, diremos que a melhor prece da manhã e da noite é, sem sombra de dúvida, a Oração dominical, dita com inteligência, de coração e não de lábios. Mas, para suprir o vácuo que a sua concisão deixa no pensamento, a ela acrescentamos, a conselho e com a assistência dos bons Espíritos, um desenvolvimento a cada proposição.

Conforme as circunstâncias e o tempo disponível, pode, pois, dizer-se a Oração dominical simples ou com os comentários. Também se podem acrescentar algumas das preces contidas na Imitação do Evangelho, tomadas entre as que não tenham um objetivo especial, por exemplo: a prece aos anjos-da-guarda e aos Espíritos protetores, nº 293; aquela para afastar os maus Espíritos, nº 297; para as pessoas que nos foram afeiçoadas, nº 358; para as almas sofredoras que pedem preces, nº 360, etc. [Todas as referências ao Imitação do Evangelho foram redirecionadas para a versão definitiva do EVANGELHO segundo o Espiritismo] Fique entendido que é sem prejuízo das preces especiais do culto ao qual se pertence por convicção, e ao qual o Espiritismo não manda renunciar.

Aos que nos pedem uma linha de conduta a seguir no que concerne às preces cotidianas, aconselhamos cada um a fazer sua própria coletânea, apropriada às circunstâncias em que se encontram, para si, para outrem ou para os que deixaram a Terra; de desenvolvê-las ou restringi-las, conforme a oportunidade.

Uma vez por semana, por exemplo, no domingo, pode-se consagrar a elas um tempo mais longo e dizer todas, seja em particular, seja em comum, se houver lugar, acrescentando algumas passagens da Imitação do Evangelho e a de algumas boas instruções, ditadas pelos Espíritos. Isto se dirige mais especialmente às pessoas repelidas pela Igreja por causa do Espiritismo, as quais se sentem, por isto mesmo, mais necessitadas de se unirem a Deus pelo pensamento.

Mas, salvo este caso, nada impede que os crentes, nos dias consagrados às cerimônias de seu culto, ali digam algumas das preces relacionadas com as crenças espíritas, ao mesmo tempo em que profere as suas. Isto não pode senão contribuir para elevar sua alma a Deus pela união do pensamento e das palavras. O Espiritismo é uma fé íntima; está no coração, e não nos atos exteriores; não impõe nenhuma que seja susceptível de escandalizar os que não partilham dessa crença; ao contrário, recomenda a sua abstenção, por espírito de caridade e de tolerância.


5. — Em consideração e como aplicação das ideias precedentes, damos a seguir a Oração dominical desenvolvida. Se algumas pessoas julgassem que não era aqui o lugar para um documento desta natureza, nós lhes lembraríamos que nossa Revista não é somente uma compilação de fatos, e que seu campo de ação abrange tudo quanto possa ajudar o desenvolvimento moral. Houve um tempo em que os casos de manifestações eram os únicos a interessar os leitores; mas hoje, que o objetivo sério e moralizador do Espiritismo é compreendido e apreciado, a maioria dos adeptos ali procura mais o que toca o coração do que o que agrada o espírito. É, pois, a estes, que nos dirigimos nesta circunstância. Por esta publicação, sabemos ser agradável a um grande número, se não a todos. Só isto nos moveu, se outras considerações, sobre as quais devemos guardar silêncio, não nos tivessem determinado a fazê-lo neste momento, e não em outro.


6 ORAÇÃO DOMINICAL DESENVOLVIDA. n


I. Pai Nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome!  ( † )


Cremos em ti, Senhor, porque tudo revela o teu poder e a tua bondade. A harmonia do Universo dá testemunho de uma sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas. Em todas as obras da Criação, desde o raminho de erva minúscula e o inseto pequenino, até os astros que se movem no espaço, acha-se inscrito o nome de um ser soberanamente grande e sábio. Por toda parte se nos depara a prova de paternal solicitude. Cego, portanto, é aquele que te não reconhece nas tuas obras, orgulhoso aquele que te não glorifica e ingrato aquele que te não rende graças.


II. Venha o teu reino!  ( † )


Senhor, destes aos homens leis plenas de sabedoria e que lhes dariam a felicidade, se eles as cumprissem. Com essas leis, fariam reinar entre si a paz e a justiça e mutuamente se auxiliariam, em vez de se maltratarem, como o fazem. O forte sustentaria o fraco, em vez de o esmagar. Evitados seriam os males, que se geram dos excessos e dos abusos. Todas as misérias deste mundo provêm da violação de tuas leis, porquanto nenhuma infração delas deixa de ocasionar fatais consequências.

Deste ao bruto o instinto, que lhe traça o limite do necessário, e ele maquinalmente se conforma; ao homem, no entanto, além desse instinto, deste a inteligência e a razão; também lhe deste a liberdade de cumprir ou infringir aquelas das tuas leis que pessoalmente lhe concernem, isto é, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a fim de que tenha o mérito e a responsabilidade das suas ações.

Ninguém pode pretextar ignorância das tuas leis, pois, com paternal previdência, quiseste que elas se gravassem na consciência de cada um, sem distinção de cultos, nem de nações. Se as violam, é porque as desprezam.

Dia virá em que, segundo a tua promessa, todos as praticarão. A incredulidade, então, terá desaparecido. Todos te reconhecerão por soberano Senhor de todas as coisas, e o reinado das tuas leis será o teu reino na Terra.

Digna-te, Senhor, de apressar-lhe o advento, outorgando aos homens a luz necessária, que os conduza ao caminho da verdade.


III. Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu.  ( † )


Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para com o seu superior, quão maior não deve ser a da criatura para com o seu Criador! Fazer a tua vontade, Senhor, é observar as tuas leis e submeter-se, sem queixumes, aos teus decretos. O homem a ela se submeterá, quando compreender que és a fonte de toda a sabedoria e que sem ti ele nada pode. Fará, então, a tua vontade na Terra, como os eleitos a fazem no Céu.


IV. Dá-nos o pão de cada dia.  ( † )


Dá-nos o alimento indispensável à sustentação das forças do corpo; mas, dá-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso Espírito.

O bruto encontra a sua pastagem; o homem, porém, deve o sustento à sua própria atividade e aos recursos da sua inteligência, porque o criaste livre.

Tu lhe hás dito: “Tirarás da terra o alimento com o suor da tua fronte.” Desse modo, fizeste do trabalho, para ele, uma obrigação, a fim de que exercitasse a inteligência na procura dos meios de prover às suas necessidades e ao seu bem-estar, uns mediante o labor manual, outros pelo labor intelectual. Sem o trabalho, ele se conservaria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos Espíritos superiores.

Ajudas o homem de boa vontade que em ti confia, pelo que concerne ao necessário; não, porém, àquele que se compraz na ociosidade e desejara tudo obter sem esforço, nem àquele que busca o supérfluo.

Quantos e quantos sucumbem por culpa própria, pela sua incúria, pela sua imprevidência, ou pela sua ambição e por não terem querido contentar-se com o que lhes havias concedido! Esses são os artífices do seu infortúnio e carecem do direito de queixar-se, pois que são punidos naquilo em que pecaram. Mas, nem a esses mesmos abandonas, porque és infinitamente misericordioso. Estende-lhes as mãos para socorrê-los, desde que, como o filho pródigo, se voltem sinceramente para ti.

Antes de nos queixarmos da sorte, inquiramos de nós mesmos se ela não é obra nossa. A cada desgraça que nos chegue, cuidemos de saber se não teria estado em nossas mãos evitá-la. Consideremos também que Deus nos outorgou a inteligência para tirar-nos do lameiro, e que de nós depende o modo de a utilizarmos.

Pois que à lei do trabalho se acha submetido o homem da Terra, dá-nos coragem e forças para obedecer a essa lei. Dá-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de não perdermos o respectivo fruto.

Dá-nos, pois, Senhor, o pão de cada dia, isto é, os meios de adquirirmos, pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, porquanto ninguém tem o direito de reclamar o supérfluo.

Se trabalhar nos é impossível, à tua divina providência nos confiamos.

Se está nos teus desígnios experimentar-nos pelas mais duras provações, a despeito dos nossos esforços, aceitamo-las como justa expiação das faltas que tenhamos cometido nesta existência, ou noutra anterior, porquanto és justo. Sabemos que não há penas imerecidas e que jamais castigas sem causa.

Preserva-nos, ó meu Deus, de invejar os que possuem o que não temos, nem mesmo os que dispõem do supérfluo, ao passo que a nós nos falta o necessário. Perdoa-lhes, se esquecem a lei de caridade e de amor do próximo, que lhes ensinaste.

Afasta, igualmente, do nosso espírito a ideia de negar a tua justiça, ao notarmos a prosperidade do mau e a desgraça que cai por vezes sobre o homem de bem. Já sabemos, graças às novas luzes que te aprouve conceder-nos, que a tua justiça se cumpre sempre e a ninguém excetua; que a prosperidade material do mau é efêmera, quanto a sua existência corpórea, e que experimentará terríveis reveses, ao passo que eterno será o júbilo daquele que sofre resignado.


V. Perdoa as nossas dívidas, como perdoamos aos que nos devem. – Perdoa as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos ofenderam.  ( † )


Cada uma das nossas infrações às tuas leis, Senhor, é uma ofensa que te fazemos e uma dívida que contraímos e que cedo ou tarde teremos de saldar. Rogamos-te que no-las perdoes pela tua infinita misericórdia, sob a promessa, que te fazemos, de empregarmos os maiores esforços para não contrair outras.

Tu nos impuseste por lei expressa a caridade; mas, a caridade não consiste apenas em assistirmos os nossos semelhantes em suas necessidades; também consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a tua indulgência, se dela não usássemos para com aqueles que nos hão dado motivo de queixa?

Concede-nos, ó meu Deus, forças para apagar de nossa alma todo ressentimento, todo ódio e todo rancor. Faze que a morte não nos surpreenda guardando no coração desejos de vingança. Se te aprouver tirar-nos hoje mesmo deste mundo, faze que nos possamos apresentar, diante de ti, puros de toda animosidade, a exemplo do Cristo, cujos últimos pensamentos foram em prol dos seus algozes.

Constituem parte das nossas provas terrenas as perseguições que os maus nos infligem. Devemos, então, recebê-las sem nos queixarmos, como todas as outras provas, e não maldizer dos que, por suas maldades, nos rasgam o caminho da felicidade eterna, visto que nos disseste, por intermédio de Jesus: “Bem-aventurados os que sofrem pela justiça!”  ( † ) Bendigamos, portanto, a mão que nos fere e humilha, uma vez que as mortificações do corpo nos fortificam a alma e que seremos exalçados por efeito da nossa humildade. Bendito seja teu nome, Senhor, por nos teres ensinado que nossa sorte não está irrevogavelmente fixada depois da morte; que encontraremos, em outras existências, os meios de resgatar e de reparar nossas culpas passadas, de cumprir em nova vida o que não podemos fazer nesta, para nosso progresso.

Assim se explicam, afinal, todas as anomalias aparentes da vida. É a luz que se projeta sobre o nosso passado e o nosso futuro, sinal evidente da tua justiça soberana e da tua infinita bondade.


VI. Não nos deixes entregues à tentação, mas livra-nos do mal.  ( † )


Dá-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos Espíritos maus, que tentem desviar-nos da senda do bem, inspirando-nos maus pensamentos.

Mas, somos Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e melhorar-nos. Em nós mesmos está a causa primária do mal e os maus Espíritos mais não fazem do que aproveitar os nossos pendores viciosos, em que nos entretêm para nos tentarem.

Cada imperfeição é uma porta aberta à influência deles, ao passo que são impotentes e renunciam a toda tentativa contra os seres perfeitos. É inútil tudo o que possamos fazer para afastá-los, se não lhes opusermos decidida e inabalável vontade de permanecer no bem e absoluta renúncia ao mal. Contra nós mesmos, pois, é que precisamos dirigir os nossos esforços e, se o fizermos, os maus Espíritos naturalmente se afastarão, ao passo que o bem os repele.

Senhor, ampara-nos em nossa fraqueza; inspira-nos, pelos nossos anjos guardiães e pelos bons Espíritos, a vontade de nos corrigirmos de todas as imperfeições a fim de obstarmos aos Espíritos maus o acesso à nossa alma.

O mal não é obra tua, Senhor, porquanto o manancial de todo o bem nada de mau pode gerar. Somos nós mesmos que criamos o mal, infringindo as tuas leis e fazendo mau uso da liberdade que nos outorgaste. Quando os homens as cumprirmos, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu de mundos mais adiantados que o nosso.

O mal não constitui para ninguém uma necessidade fatal e só parece irresistível aos que nele se comprazem. Desde que temos vontade para o fazer, também podemos ter a de praticar o bem, pelo que, ó meu Deus, pedimos a tua assistência e a dos Espíritos bons, a fim de resistirmos à tentação.


VII. Assim seja.  ( † )


Praza-te, Senhor, que os nossos desejos se efetivem. Mas, curvamo-nos perante a tua sabedoria infinita. Que em todas as coisas que nos escapam à compreensão se faça a tua santa vontade e não a nossa, pois somente queres o nosso bem e, melhor do que nós, sabes o que nos convém.

Dirigimos-te esta prece, ó Deus, por nós mesmos e também por todas as almas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, pelos nossos amigos e inimigos, por todos os que solicitem a nossa assistência.

Para todos suplicamos a tua misericórdia e a tua bênção.


Nota. – Aqui podem formular-se os agradecimentos que se queiram dirigir a Deus e o que se deseje pedir para si mesmo ou para outrem.



[1] N. do T.: Vide O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVIII, item 3.


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